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O LIVRO DOS ORIXAS

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    sábado, junho 24, 2006

    As Senhoras do Pássaros da Noite

    Quando se pronuncia o nome de Yiá Mi Oxorongá, quem estiver sentado deve-se levantar, quem estiver de pé fará uma reverência, pois se trata de temível Orixá, a quem se deve apreço e acatamento.

    ( Jorge Amado )

    Iyá Mi Osorongá ( Ìyá Mi Osorongà ) é a síntese do poder feminino, claramente manifesto na possibilidade de gerar filhos e, numa noção mais ampla, de povoar o mundo. Quando os iorubás dizem "nossas mães queridas" para se referirem às Iyá Mi, tentam, na verdade, apaziguar os poderes terríveis dessa entidade.

    Donas de um axé tão poderoso quanto o de qualquer orixá, as Iyá Mi tiveram seu culto difundido por sociedades secretas de mulheres e são as grandes homenageadas do famoso festival Gèlèdè, na Nigéria, realizado entre os meses de março e maio, que antecedem o início das chuvas do país, remetendo imediatamente para um culto relacionado à fertilidade.

    Poder procriador, tornaram-se conhecidas como as senhoras dos pássaros e sua fama de grandes feiticeiras as associou à escuridão da noite; por isso também são chamadas de Eleyé e as corujas são seus maiores símbolos.

    A sua relação mais evidente é com o poder genital feminino, que é o aspecto que mais aproxima a mulher da natureza, ou seja, dos acontecimentos que fogem à explicação e ao controle humano. Toda mulher é poderosa porque guarda um pouco da essência das Iyá Mi; a capacidade de gerar filhos, expressa nos órgãos genitais femininos, sempre assustou os homens e as cantigas entoadas durante o festival Gèlèdè fazem alusão a esse terrível poder -- que não pertence apenas às Iyá Mi, mas a qualquer mulher.

    Mãe destruidora, hoje te glorifico:

    O velho pássaro não se aqueceu no fogo.

    O velho pássaro doente não se aqueceu ao sol.

    Algo secreto foi escondido na casa da Mãe ...

    Honras à minha Mãe!

    Mãe cuja vagina atemoriza a todos.

    Mãe cujos pêlos púbicos se enroscam em nós.

    Mãe que arma uma cilada, arma uma cilada.

    Mãe que tem potes de comida em casa.

    As mães são compreendidas como a origem da humanidade e seu grande poder reside na decisão que tomar sobre a vida de seus filhos. É a mãe que decide se o filho deve ou não nascer e, quando ele nascer, ainda decide se ele deve viver. A mulher, especialmente nas sociedades antigas, tinha inúmeros recursos para interromper uma gravidez. E, até os primeiros anos de vida, uma criança depende totalmente de sua mãe; se faltarem seus cuidados a criança não vinga. Em síntese, todo ser humano deve a vida a uma mulher. Se todas as mulheres juntas decidisses não mais engravidar, a humanidade estaria fadada a desaparecer. Esse é o poder de Iyá Mi: mostrar que todas as mulheres juntas decidem sobre o destino dos homens.


    Mãe todo-poderosa, mãe do pássaro da noite.

    Grande mãe com quem não ousamos coabitar

    Grande mãe cujo corpo não ousamos olhar

    Mãe de belezas secretas

    Mãe que esvazia a taça

    Que fala grosso como homem,

    Grande, muito grande, no topo da árvore iroko,

    Mãe que sobe alto e olha para a terra

    Mãe que mata o marido mas dele tem pena.

    Iyá Mi é a sacralização da figura materna, por isso seu culto é envolvido por tantos tabus. Seu grande poder se deve ao fato de guardar o segredo da criação. Tudo que é redondo remete ao ventre e, por conseqüência, as Iyá Mi. O poder das grandes mães é expresso entre os orixás por Oxum, Iemanjá e Nanã Buruku, mas o poder de Iyá Mi é manifesto em toda mulher, que, não por acaso, em quase todas as culturas, é considerada tabu.

    As denominações de Iyá Mi expressam suas características terríveis e mais perigosas e por essa razão seus nomes nunca devem ser pronunciados; mas quando se disser um de seus nomes, todos devem fazer reverencias especiais para aplacar a ira das Grandes Mães e, principalmente, para afugentar a morte.

    As feiticeiras mais temidas entre os iorubás e nos candomblés do Brasil são as Àjé e, para referir-se à elas sem correr nenhum risco, diga apenas Eleyé, Dona do Pássaro. O aspecto mais aterrador das Iyá Mi e o seu principal nome , com o qual tornou-se conhecida nos terreiros, é Oxorongá, uma bruxa terrível que se transforma no pássaro de mesmo nome e rompe a escuridão da noite com seu grito assustador.

    As Yiá Mi são as senhoras da vida, mas o corolário fundamental da vida é a morte. Quando devidamente cultuadas, manifestam-se apenas em seu aspecto benfazejo, são o grande ventre que povoa o mundo. Não podem, porém, ser esquecidas; nesse caso lançam todo tipo de maldição e tornam-se senhoras da morte.

    O lado bom de Iyá Mi é expresso em divindades de grande fundamento, como Apaoká, a dona da jaqueira, a verdadeira mãe de Oxóssi Dizem que o deus caçador encontrou mel aos pés da jaqueira e em torno dessa árvore formou-se a cidade de Kêtu.

    Os assentamentos de Iyá Mi ficam junto a grandes árvores como a jaqueira e geralmente são enterrados, mostrando a sua relação com os ancestrais, sendo também uma nítida representação do ventre. As Iyá Mi, juntamente com Exú e os ancestrais, são evocadas nos ritos de Ipadé, um complexo ritual que , entre outras coisas, ratifica a grande realidade do poder feminino na hierarquia do Candomblé, denotando que as grandes mães é que detém os segredos do culto, pois um dia, quando deixarem a vida, integrarão o corpo das Iyá Mi, que são, na verdade, as mulheres ancestrais.



    Candomblé - A panela do segredo - Pai Cido de Òsun Eyin

    http://wara_olode.vilabol.uol.com.br/iyami.htm
    posted by iSygrun Woelundr @ 1:35 PM   0 comments
    LIVRO ON LINE: "A GNOSE AFRO-AMERICANA E O CANDOMBLÉ GNÓSTICO"

    Uma publicação eletrônica da EDITORA SUPERVIRTUAL LTDA.
    Colaborando com a preservação do Patrimônio Intelectual da Humanidade.
    WebSite: http://www.supervirtual.com.br
    E-Mail: alexandriavirtual@uol.com.br
    (reprodução permitida para fins não-comerciais)
    "A GNOSE AFRO-AMERICANA E O CANDOMBLÉ GNÓSTICO"
    uma visão moderna dos Cultos-Afro e de suas potencialidades mágicas.
    por J. R. R. Abrahão
    xxx
    xxxxxx
    “O MOTIVO PELO QUAL ESTE CURSO FOI ELABORADO”
    Durante meus mais de vinte anos de estudos teóricos e experiências
    práticas no Ocultismo, tenho travado contato com as mais variadas correntes
    de pensamento Esotérico.
    Como pesquisador que sou, não me contento em permanecer na superfície
    da questão, como a grande maioria de interessados no tema; muito pelo
    contrário, pois eu procuro me aprofundar sobremaneira no assunto que me
    desperta interesse, adquirindo a maior quantidade de informações possível,
    sejam relatos pessoais, sejam escritos de que natureza forem, para, então,
    colocar em prática os ensinamentos de dito Sistema.
    Tenho experimentado de tudo um pouco, em se tratando de Magia,
    sofrendo, por assim dizer, “na própria carne”, os resultados de minhas
    experiências e, porque não dizer, de minha ousadia.
    Após algum tempo de militância em determinado Sistema de Magia, coloco
    os resultados obtidos numa balança imaginária, pesando os prós e os contras,
    até que me tenho por satisfeito com uma resposta clara e sem evasivas,
    obtida entre duas únicas opções: tal Sistema FUNCIONA, ou NÃO FUNCIONA.
    Assim, concluindo definitivamente minhas pesquisas em tal Sistema,
    passo a incluí-lo em minhas práticas pessoais (meu próprio Sistema, se assim
    quiserem), caso a conclusão de meus estudos seja de que tal Sistema
    funciona; ou, então, descarto tal Sistema em definitivo, caso conclua que o
    mesmo não funciona.
    Muitos dos Sistemas de Magia tidos em elevada conta por especialistas
    diversos, funcionam a contento. Outros, entretanto, ficam muito a desejar.
    Como este não é o momento de abordar tal assunto (o que faço em
    detalhes no meu livro “CURSO DE MAGIA”), deter-me-ei a examinar os Cultos-
    Afro, sob um prisma Gnóstico e Esotérico.
    Voltando ao assunto de Sistemas que funcionam ou não, vamos falar do
    Candomblé e seus congêneres.
    Tenho observado, ao passar dos anos, que muitas pessoas, interessadas
    em Ocultismo, nutrem um forte preconceito contra o Candomblé e assemelhados.
    Apesar disso, quando encontram-se “no aperto”, buscam, de imediato,
    “socorro” dentro das práticas mágicas candomblecistas.
    Socorridos, entretanto, e mais, sanado o problema que os afligia, “dão
    as costas” para a tal de “macumba”, coisa que não compreendem mas sabem que
    funciona, voltando aos seus cristais e florais.
    Atitude simplista, para dizer o mínimo.
    A “macumba”, designação genérica de tudo quanto seja de origem Afro,
    manteve a fama de ser infalível; apesar disso, poucos estudiosos do assunto
    se deteviram a examinar o assunto a luz da ciência experimental, para
    concluir como funciona a “macumba” e, mais ainda, quando funciona, e por
    qual motivo, assim como compreender suas falhas e deficiências, que aumentam
    no mesmo passo em que o assunto é difundido - mas não explicado.
    Interessante observar que, nos últimos anos, houve uma verdadeira
    explosão de livros sobre “macumba”, muitos dos quais ensinando trabalhos
    para os mais diversos fins, tal qual fossem receitas de bolo.
    Assim, sem explicar nem justificar, passam adiante ensinamentos que
    exigem, para serem postos em prática, um profundo conhecimento dos Cultos-
    Afro, sem o que tais práticas tornar-se-iam perigosas para todos os
    envolvidos.
    Mais ainda, incentivam ao leitor realizar tal trabalho, sem alertar
    para os cuidados que devem cercar tais práticas.
    Dessa forma, indivíduos inescrupulosos, pouco conhecedores do assunto,
    mas sabedores das necessidades humanas, travestem-se de “Pais-de-Santo” ou
    “Mães-de-Santo”, realizando todo tipo de trabalhos, jogando búzios,
    interferindo na vida de todo e qualquer cidadão, sem o menor cuidado ou
    escrúpulo.
    O resultado?
    Fracasso, desilusão, além da sensação de que “macumba não funciona”.
    Eis o motivo deste curso - explicar tudo, tirar todos os véus, trazer o
    conhecimento mágico-místico-religioso à luz da ciência experimental, para
    que todos, admiradores ou não do assunto, possam compreender no que
    consistem tais práticas, tirando, assim, suas próprias conclusões.
    Vamos, portanto, ao curso.
    “INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE MAGIA DE ORIGEM AFRO”
    "CANDOMBLÉ, VUDÚ, HOODOO, PETRO, RADA, LUCUMÍ, SANTERÍA, PALO-MAYOMBE,
    UMBANDA, QUIMBANDA E CATIMBÓ: SUAS SEMELHANÇAS, DIFERENÇAS, TABÚS E
    FUNDAMENTOS."
    Visão moderna dos Sistemas do Candomblé, do Vudú, da Umbanda e da Quimbanda.
    Muitas vezes, quando se fala em Magia, as pessoas pensam imediatamente
    nas práticas executadas nos Cultos Afro-Brasileiros, Afro-Americanos e Afro-
    Ameríndios.
    Diversas pessoas tem visões semelhantes desses Cultos, mas os conceitos
    difundidos são preconceituosos, misteriosos e dogmáticos, o que faz, pouco a
    pouco, com que a Realidade Mágica desses Cultos se perca para sempre.
    Para começar, o Candomblé, o Vudú, a Santería, o Palo-Mayombe e o
    Lucumí são cultos muito semelhantes, de origem africana, mas tremendamente
    desenvolvidos nas Américas. Já a Umbanda é um culto muito distinto, com bem
    poucas semelhanças com os outros dois, enquanto a Quimbanda é algo
    totalmente diferente. O Catimbó é uma espécie de meio-caminho entre a
    Umbanda e a Quimbanda. O Hoodoo reúne características do Vudú, porém tem
    diversas peculiaridades, sendo a mais importante delas trabalhar apenas com
    Elementais, Elementares, Sombras, Cascarões, Larvas e "Almas". Petro e Rada
    são duas raízes diferentes do Vudú haitiano, sendo o culto Rada mais voltado
    às Entidades do panteão Afro original, enquanto o Petro é mais voltado ao
    culto de Loas semelhantes aos Guias de nossas Umbanda e Quimbanda. O Voudon
    Gnóstico, apesar do nome, e da nítida influência do Vudú e do Hoodoo, é mais
    uma Ordem Hermética (uma vez que é ligado à O.T.O.A. - Ordo Templi Orientis
    Antiqua) do que um culto ou uma religião, razão pela qual está fora deste
    texto. Todos, porém, tem entre si uma semelhança marcante e de suma
    importância: são todas "Religiões Thelêmicas", ou "Cultos Thelêmicos", como
    queiram. E o que significa uma religião ser "Thelêmica"? Significa que cada
    indivíduo, dentro dela, tem sua própria religião, seu próprio Deus,
    distintos dos de qualquer outro indivíduo. E foi por isso que os cultos
    africanos sobreviveram na mudança para o novo mundo, cresceram e se
    multiplicaram.
    Sendo assim, vamos começar a definir a Quimbanda.
    A Quimbanda é um culto mágico às Entidades malévolas, denominadas Exus,
    Pombas-Giras, Caboclos Quimbandeiros, Pretos-Velhos Quimbandeiros, e assim
    por diante. Na Quimbanda não há nenhum tipo de "Iniciação", quer seja
    mágica, mística ou religiosa. Basicamente, há duas formas de se praticar a
    Quimbanda - a Evocação e a Invocação das Entidades. Qualquer que seja o meio
    escolhido, normalmente desenha-se o "Sigilo" (chamado "Ponto Riscado" na
    Umbanda e na Quimbanda) da Entidade no chão, pedindo-se, em seguida, sua
    intervenção. No caso da Invocação, a pessoa que "receber" a Entidade
    (chamado "Cavalo" ou "Burro" na Umbanda ou na Quimbanda) passa a ter os
    poderes da mesma; são então feitos pedidos à pessoa "incorporada", que
    pedirá então algumas coisas para a execução do "trabalho de magia" . Em
    geral, na Quimbanda só se trabalha para o mal de alguém, ou então para
    submeter-se uma pessoa à vontade de outra. Quando se Evoca Entidades na
    Quimbanda, porém, faz-se oferendas simples, visando obter a intervenção da
    Entidade para obter o que se deseja, normalmente alguma maldade. Na Umbanda,
    o que acontece é a mesmíssima coisa, com uma diferença essencial: só se
    "trabalha" para o bem, pois as Entidades que "baixam" na Umbanda são somente
    benéficas. Em alguns "terreiros" de Umbanda foram implantados "Rituais
    Iniciáticos", herdados de culturas diversas. Na Umbanda, vê-se uma nítida
    influência do Kardecismo, bem como da mentalidade católico-cristã, além do
    público e notório sincretismo religioso entre os Orixás da Umbanda (que só
    comungam dos nomes com os Orixás do Candomblé) e os Santos Católicos. O
    Catimbó é uma mistura completa entre a Umbanda e a Quimbanda, com algumas
    diferenças: as Entidades que "baixam" são chamadas de "Mestres"; se são
    benfazejos, diz-se que "fazem fumaça às direitas", e dos malévolos se diz
    que "fazem fumaça às esquerdas". Concluí-se daí que no Catimbó se "trabalha"
    indistintamente para o bem e para o mal. Além disso, no Catimbó não se
    cultuam Deuses ou outras Entidades de grande envergadura de poder, apenas
    "baixam" Entidades com especial identificação social no grupo aonde se
    desenvolve a "mesa" do Catimbó. Na Santería ocorrem práticas semelhantes às
    dos cultos descritos acima, mas há também um culto aos Orixás, no estilo do
    Candomblé, só que com toda a influência Católico-Cristã imaginável.
    Mas existem sutis diferenças entre esses cultos. Na Umbanda, as
    Entidades são "espíritos" de pessoas desencarnadas (mortas); na Quimbanda,
    "baixam" indistintamente "espíritos" de pessoas mortas (normalmente de
    pessoas perniciosas ou criminosas), ou Demônios mesmo. No Catimbó só
    "baixam" os "espíritos" de mortos.
    Mas, será que o que "baixa" em todas essas "sessões" é mesmo uma
    "alma"? E será que todas essas "almas" são sábias, sinceras e magicamente
    capazes? Não creio. Para mim, o que ocorre muitas das vezes, é o seguinte:
    A) o "médium", desejoso de "receber um guia", induzido pelo "chefe do
    terreiro" de que ele/ela "tem mediunidade, precisa desenvolvê-la", acaba por
    criar uma Imagem Telemática correspondente a sua idéia do "guia", que,
    então, cria "vida", passando a agir como desejado...
    B) cena "A": alguém morre; seu corpo físico jaz inerte, seu corpo
    astral separa-se do cadáver físico e, em pouco tempo, o corpo mental do
    falecido separa-se também do corpo astral, ficando este último também
    destinado a morrer, a decompor-se;
    cena "B": um Elementar Artificial, um Íncubo, um Súcubo, um Vampiro,
    uma Larva Astral, alguma dessas Entidades simples, busca sobreviver
    ...vampirizando alguém! É porém difícil "sugar vitalidade a força" de
    alguém;
    cena "C": a Larva da "cena B" encontra um cadáver de corpo astral
    (Cascarão Astral), penetra nele e o "aviva";
    cena "D": o "Cascarão Avivado" encontra uma pessoa receptiva, um "médium", e
    começa o ataque; o "médium" acaba por ir a um "terreiro" ou "centro", aonde
    "seu guia" o levou, e aonde irá "desenvolver sua mediunidade";
    cena "E": o "médium" já "desenvolvido", recebendo seu "guia", dá consultas,
    passes, faz trabalhos, aconselha...e o "guia" (o Cascarão Avivado) vampiriza
    o "médium" e as pessoas que vão consultá-los.
    É claro que existem incorporações ou possessões reais, mas são muito
    raras na Umbanda e no Kardecismo. Ocorrem muito freqüentemente no Candomblé
    e correlatos, mas são raríssimos nos cultos à desencarnados.
    Sem mais comentários sobre o assunto.
    Agora, Candomblé, Vudú, Palo-Mayombe e Lucumí.
    O que digo a seguir é minha experiência e enfoque pessoais. Quem
    desejar aprofundar-se no assunto deve consultar as obras dos seguintes
    autores, colocados em ordem de importância: Pierre "Fatumbí" Verger,
    Fernandes Portugal, Caribé, Bernard Maupoil, William Bascon, Michael
    Bertiaux, Luis Manuel Nuñes, Jorge Alberto Varanda, Roger Bastide, Juana
    Elbein dos Santos, Courtney Willis, Ogã Jimbereuá, Babalorixá Ominarê, Lydia
    Cabrera, Migene Gonzalez-Wippler e João Sebastião das Chagas Varella. Já os
    apreciadores de Mitologia em geral, deverão conhecer a obra de Joseph
    Campbell, o mais importante autor do assunto. A Editora Pallas tem bons
    títulos sobre Candomblé e Vudú. Este texto trata dos aspectos reais das
    Práticas Mágicas dos Cultos em questão. Desculpem a crueza, mas a verdade é
    cruel, e dói.
    Muitos estudiosos de Magia, bem como inúmeros autores do gênero, colocam os
    Deuses dos diversos panteãos como Arquétipos. Considerando-os assim, alguns
    praticantes da Magia Ritual creem que pode-se trabalhar magicamente com os
    Deuses Internos, como se trabalhassemos com os Arquétipos Universais. Aqui
    existe um enorme equívoco, pois os Deuses Internos englobam aspectos
    arquetípicos, não se limitando, porém, a serem Arquétipos simplesmente.
    Na verdade, há uma obra muito boa sobre Magia Planetária (Planetary
    Magick, editora Llewellyn), que, porém, considera os Deuses de diversos
    panteãos como a mesma coisa que os Arquétipos. Eu particularmente discordo
    desse prisma, pois considero que os Arquétipos são acessíveis a qualquer
    pessoa, enquanto que os Deuses só são acessíveis aos que tenham alguma
    identificação e familiaridade com os mesmos. Na verdade, a experiência
    chamada de "União com Os Arquétipos Universais", quando a pessoa entra em
    "transe" e sofre a "possessão" da Divindade, é o contato que ocorre da
    pessoa com seu Microcosmos, ou seja, com seu "Universo Interior", portanto,
    somente com os Arquétipos Universais, e não com o todo da Egrégora dos
    Deuses Internos do Homem. A diferença é, portanto, patente, no que diz
    respeito ao "transe" do sujeito "possuído" pelo Orixá (aonde são despertados
    poderes latentes dentro do próprio indivíduo), e da Evocação ou Invocação da
    energia do Orixá como um todo, uma Entidade de existência independente da
    psique do Mago. O que ocorre entre os profanos, os não-iniciados, o "bolar"
    no Santo, é somente a "União com O Arquétipo"; o que ocorre na Invocação,
    feita pelo Mago de forma consciente, é "abrir sua mente" para uma energia
    externa, de vida autônoma, externa ao Microcosmos do Mago. Portanto, podemos
    concluir que o Arquétipo Universal existe num nível sub-consciente de cada
    indivíduo, mas somente manifesta-se no Microcosmos; já o Deus Interno existe
    num nível Macrocósmico e, após uma iniciação, num nível Macro-Micro-Cósmico,
    isto é, pode manifestar-se dentro ou fora do indivíduo. Com isso quero dizer
    que um Orixá pode manifestar-se fora da psique do Mago, até mesmo fora de
    seu corpo, inclusive, algumas vezes, a um nível social. O poder de um
    Arquétipo é o de despertar talentos latentes na psique do indivíduo,
    enquanto que o poder de um Deus Interno (sendo uma Egrégora), é amplo, de
    uma envergadura bem maior que a psique de um indivíduo apenas,
    incomensurável em termos humanos. Com isto quero dizer que uma Egrégora
    antiga e poderosa como a dos Deuses Internos pode quase tudo. Sem exagero. E
    em se tratando de Deuses Internos (ou Panteônicos), podemos distinguir duas
    categorias: os Deuses adormecidos, cujo culto inexiste na atualidade, e os
    Deuses ativos, cujos cultos existem. Nessa última categoria estão os Deuses
    e Deusas cultuados no Candomblé, no Vudú, no Palo-Mayombe e no Lucumí. Fico,
    inclusive, muito curioso com a atitude de certos grupos de ocultistas, que
    cultuam Deuses adormecidos, e torcem o nariz para os Deuses do panteão Afro,
    talvez considerando-os algo inferior, muito provavelmente pelo motivo de que
    esses Deuses são cultuados pelo povo, não pelas elites
    culturais...preconceito e ignorância de sobra!
    Esses Deuses e Deusas dos Cultos Mágico-Religiosos Afro-Americanos são
    designados da seguinte forma:
    na "Fé Indígena" (Indigenous Faith), como o Culto é chamado na Nigéria
    (África), são chamados de Orixás e Odus, o mesmo ocorrendo nos Candomblés de
    origem Nigeriana ou Yorubana ("Nação" Keto ou Alaketo); nos Candomblés de
    origem Daomeana (Fon ou Gêge), são chamados Voduns e Odus; nos Candomblés de
    origem Angolana ("Nação" Angola), são conhecidos por Inkices ou Santos, e
    Odus; na Santería, praticada nos Estados Unidos (Puerto Rico, New Orleans,
    Miami, etc), são chamados de Orichás ou Santos, e Odus; no Vudú, praticado
    no Haiti e na França, são conhecidos como Loas e Odus; no Lucumí, praticado
    em Cuba e nos Estados Unidos (Miami), são os Nganga, Orichás, Padrinhos,
    Prenda, Ndoki, Odus, entre outros nomes, ocorrendo o mesmo no Palo-Mayombe.
    Veja-se que o nome do panteão altera-se de região para região, e assim
    também se alteram as características das Entidades. É interessante notar que
    o nome Odu (Odus no plural), está presente em todas as "Nações" de
    Candomblé, e suas atribuições são idênticas em todas as citadas culturas.
    Pois Odus são Entidades objetivas que personificam, de forma antropomórfica,
    as energias das figuras geomânticas. Vê-se que, quando o simbolismo e a
    energia não sofrem alterações, os nomes permanecem idênticos. O contrário
    ocorreu com a vinda dos Orixás da África para o Brasil, pois na África os
    Orixás não possuem as subdivisível ditas "qualidades", fato que ocorreu no
    Brasil. Por isso é que o Culto aos Orixás, no Brasil, é mais rico e complexo
    do que na Nigéria atual, sem nenhuma conotação pejorativa quanto ao Culto
    praticado na Nigéria. Apenas digo que, no Brasil, cultua-se doze variedades
    de Xangô, enquanto na Nigéria há somente uma; aqui cultua-se onze Oyá,
    dezesseis Oxum, dez Oxalá, nove Yemanjá, vinte e um Exu, enquanto na Nigéria
    há um de cada. É bem verdade que a troca de informações entre Nigerianos e
    Brasileiros, do Culto, está levando "qualidades" de Orixás para lá, e
    trazendo para cá as práticas mais modernas do Culto. Assim, em breve, graças
    às trocas de informações, o Culto aos Orixás estará aprimorado e talvez até
    estandardizado no Brasil e na Nigéria. Mas aqui o assunto é outro.
    Vide os Apêndices desta obra relativos a "Arquétipos" e "Deus, As
    Egrégoras Coletivas e Os Deuses Internos do Homem", para compreender a
    mecânica de que falamos acima.
    Somente recomendo, aos que pretendem praticar a Magia Planetária, a
    Magia Evocativa, a Magia Invocativa ou o "Casamento dos Homens com Os
    Deuses" (conceito de Aleister Crowley, uma das práticas secretas da O.T.O.,
    revelada no livro "The Secret Rituals of the O.T.O.", de autoria de Francis
    X. King)) com os Deuses dos panteãos Afro, que estudem a respectiva
    mitologia, familiarizem-se com as suas energias, para não sofrerem revezes
    nem decepções. Estejam avisados que essas energias são incomensuráveis, além
    de extremamente ativas, pois há, em todo o mundo, pessoas cultuando-os
    dioturnamente, vivendo para o Culto, alimentando a Egrégora a cada momento,
    ampliando sua envergadura de poder.
    Apesar disso tudo, há muita gente que duvida das potencialidades
    mágicas dos Cultos-Afro; há também os que creem que tudo quanto se faz
    nesses Cultos funciona a contento, independentemente dos Fundamentos Mágicos
    que sejam ou não aplicados às práticas rituais. Pensando nisso gostaria de
    abordar alguns aspectos importantes desses cultos, muitas vezes mal
    interpretados pelas pessoas em geral. E é justamente visando separar o joio
    do trigo, embora revelando muitos segredos guardados com zêlo por muito
    tempo, que descrevo, a seguir, os Fundamentos Mágicos Racionais das Práticas
    Mágico-Místico-Liturgicas dos Cultos-Afro.
    Espero estar contribuído assim, de alguma forma, para a preservação
    desse culto que tanto me atrai, e que estudo e pesquiso fazem anos. Afinal,
    em 1988, fui consagrado Babalaô (Nação Alaketo) - sacerdote de Ifá - , além
    de ter sido iniciado no culto de Yiá-Mí Oxorongá.
    - Iniciação:
    é tipicamente shamânica, quanto a parte do Iniciando, com práticas
    primitivas (raspar os cabelos da cabeça, esfregar folhas na cabeça e outras
    partes do corpo, fazer cortes em diversas partes do corpo - cabeça, testa,
    mãos, pés, língua, braços - para passar "pós mágicos" nos cortes abertos -
    Kuras - , sacrificar animais deixando o sangue escorrer sobre a região do
    Chakra Coronário, colocação de substâncias vegetais e animais sobre o Chakra
    Coronário - o Adoxú, no formato de um cone - , colocação de uma pena de
    alguma ave no local do Chakra Frontal - Terceiro Olho - , entre outras
    coisas), requerendo total submissão do Iniciando - Iaô - ao Sacerdote ou
    Sacerdotisa - Pai ou Mãe de Santo, Babalorixá ou Yialorixá - , que guarda os
    cabelos daquele, tendo assim, meios de impor sua autoridade à força...
    A Iniciação no Candomblé é lenta (21 dias no mínimo) e penosa (a pessoa
    terá de se submeter aos ditames do Sacerdote, devendo comer o que lhe é
    permitido - com algumas restrições por toda a vida - , falar quando lhe é
    permitido, usar as roupas nas cores autorizadas - mais uma vez com
    restrições para o resto da vida - , até mesmo quais atividades sociais e
    profissionais poderá ter dali para diante). Uma das partes mais curiosas do
    Ritual Iniciático reside na pintura da cabeça e do corpo do Iniciando com
    pontos coloridos, feitos com pós coloridos, numa espécie de Cromo-Punctura
    rudimentar.
    Vê-se aí, nesse conjunto de práticas antiquadas, o aspecto da
    autoridade do Mestre, inquestionável, sobre a vida do Discípulo, traço
    típico das iniciações em sociedades primitivas.
    Quando, porém, observarmos a parte do Iniciador, do Sacerdote ou da
    Sacerdotisa, veremos uma enorme quantidade de práticas típicas da
    feitiçaria, portanto, de caráter muito distinto das práticas shamânicas.
    Eis um dos mais flagrantes aspectos da ambiguidade do Candomblé.
    Como disse o brilhante ocultista norte-americano Robert North, o que
    falta aos Cultos-Afro é uma "Auto-Iniciação". Concordo plenamente. Seguindo
    as orientações dele, o iniciando deverá praticar uma técnica conhecida nos
    meios ocultistas como "visualizar uma imagem como se fosse uma porta e
    mentalmente atravessar a porta". Daí, o iniciando travará contato com as
    Entidades que habitam o plano correspondente vibratoriamente à dita imagem.
    Mas que imagem é essa? Os desenhos dos Vevés, Pontos-Riscados, Sigilos
    das Entidades, Figuras Geomânticas (Odus), entre outras. Essa técnica
    permite uma auto-iniciação com menos riscos que a Invocação Mágica (a
    "incorporação" da Entidade na pessoa), que evoca riscos óbvios de acidentes.
    O que deve, porém, ficar claro, é que ninguém é "filho" desse ou daquele
    Orixá, ou de qualquer outra Entidade, nem tem tal ou qual Odu. Na verdade,
    as pessoas identificam-se com um Arquétipo, em geral composto, isto é, com
    qualidades mescladas de várias Entidades, o que caracteriza o Orixá e suas
    qualidades, bem como os outros Orixás da pessoa. Identificando-se com o
    Arquétipo, a pessoa passa a louvá-lo ou cultuá-lo, atraindo então a Entidade
    Egregórica correspondente ao Arquétipo da identificação pessoal. Fica claro,
    agora, o motivo pelo qual há pessoas com "santo forte", outras sempre
    "acompanhadas" pelo seu Orixá ou Guia, e assim por diante? Lembrem-se de que
    a energia que flui no contato do Mago com a Egrégora é mutual e simbiótico,
    isto é, se recebe o tanto que se dá...
    No caso dos Odu, eles apresentam-se e manifestam-se em cada momento,
    mudando de acordo com as chamadas "marés tatwicas", as marés elementais.
    Somente ocasionalmente cristalizam-se num local, situação ou espécie de
    atividade, promovendo constante sucesso ou fracasso. E os remédios já são
    conhecidos.
    - Sacudimento:
    dá-se esse nome às Práticas Mágicas que são realizadas quando existe
    uma presença energética intrusa (em pessoas, objetos ou lugares) - Exus ou
    Egums, isto é, Entidades Demoníacas, Vampiros, Íncubos, Súcubos, Larvas,
    Espíritos de Desencarnados, entre outras - ; passa-se pelo corpo da pessoa
    atingida uma série de plantas, folhas, grãos crus, pipocas, legumes,
    verduras, até mesmo aves (pombo, frango); esses componentes tem atribuições
    diversas em se tratando de elementos naturais - presentes por analogia nos
    componentes do sacudimento - , impregnando-se-os com o fluído magnético, que
    tem a propriedade de sugar energia (no caso, a intrusa), o que então
    providenciará a remoção das energias intrusas. É prática primitiva que,
    porém, tem seus méritos; na verdade, há um elemento de grande importância,
    que não pode faltar, pois é o que faz o "Trabalho" funcionar: o ovo! Sim, um
    simples ovo de galinha é o suficiente para o "Trabalho" funcionar. Com um
    ovo e a atitude mental adequada, consegue-se resultados espetaculares.
    Na simplicidade está a chave dos grandes mistérios. Quer dizer, a
    Energia intrusa, nefasta, é transferida para os elementos passados pelo
    corpo da pessoa; em seguida, esses elementos são deixados em local
    determinado (praia, cachoeira, rio, praça, encruzilhada, estrada,
    enterrados, atirados barranco abaixo, cruzeiro do cemitério, etc.), aonde a
    Energia tornar-se-á inofensiva, ou atingirá curiosos que porventura toquem o
    material energeticamente contaminado.
    - Ebós:
    dá-se esse nome aos sacrifícios ou oferendas, dedicados a alguma
    Entidade, consistindo nas comidas, bebidas e animais votivos da mesma
    Entidade; quer dizer, todas as práticas mágicas convencionais do Camdomblé
    tem o nome de Ebós. Os Ebós funcionam por causa do uso de Condensadores
    Líquidos e Sólidos, infundidos da vontade do Mago, além de, algumas vezes, a
    Energia Vital que se desprende de um animal sendo imolado, além da própria
    Energia do sangue de dito animal. Este é o segredo para a eficiência dos
    Ebós. E também da ineficiência de muitas bobagens batizadas de Ebó, mas que,
    na verdade, não são nada, magicamente falando. Para os interessados, basta
    consultar um dos numerosos livros sobre Ebós - do Ogã Gimbereuá, do
    Babalorixá Ominarê, de Fernandes Portugal e de Antony Ferreira, por exemplo
    - para verificar o uso constante de Condensadores Líquidos e Sólidos
    (pimentas, cebolas e alhos, atribuídas ao Elemento Fogo, por exemplo).
    Existem três espécies de Ebós:
    A) Periódico: dado em períodos de tempo regulares, para fortalecer o
    elo com a Entidade, ou para fortalecer uma Entidade Artificial criada pelo
    próprio grupo ou operador;
    B) Propiciatório: dado quando se deseja obter algo de uma Entidade,
    dando-se-lhe algo, esperando o favor almejado em troca;
    C) Expiatório: dado quando se necessita reparar alguma falta para com a
    Entidade que, aborrecida com o indivíduo, passa a prejudicá-lo;
    nos três tipos deve haver uma analogia adequada.
    Só para ilustrar, incenso é uma oferenda que, além de agradar as
    Entidades (desde que de aroma análogo à Esfera da Entidade), pode permitir
    sua materialização (com sua possível aparição espectral); para Entidades
    Negativas ou perigosas/nefastas, o sangue (quente) de sacrifício animal faz
    efeito semelhante; a cebola constitui um elemento de grande vibração quando
    ofertada à alguma Entidade, o mesmo podendo dizer-se dos ovos; as velas são
    parte importante de qualquer ofertório, as de cera de abelha adequadas às
    Entidades Positivas, e as de cebo adequadas às Entidades Negativas.
    Devemos sempre buscar as leis de analogia ao desejarmos ofertar algo para
    qualquer Entidade. Seguindo estes princípios, qualquer Mago poderá elaborar
    seus próprios Ebós, se esse for seu desejo.
    - Pós Mágicos:
    também chamados de Atim (Alaketo), Pemba (Angola), Zorra (para o mal),
    são diversas substâncias misturadas e posteriormente reduzidas a pó; são
    usadas para atrair boas coisas (saúde, amizade, amor respeito, bons
    negócios, dinheiro, proteção contra maus fluidos, paz, etc.), espalhando-se
    nas mãos, pés, sapatos, roupas, cabeça e utensílios da pessoa, ou soprando-o
    na residência, veículo, local de trabalho, Templo, etc.; ou então para levar
    desgraças aos desafetos (doenças, acidentes, maus fluidos, ruína, morte),
    espalhando-se nos locais, ou soprando-se/jogando-se sobre a vítima.
    Respeitando-se as leis de analogia, pode-se compor pós mágicos
    respectivos aos quatro elementos da natureza, que serão Condensadores
    Sólidos da vontade do Mago. Para maiores detalhes do assunto, ver o livro de
    Franz Bardon "Initiation Into Hermetics", citado na bibliografia desta obra.
    - Azeite de Dendê:
    elemento que constantemente é utilizado nas práticas ritualísticas
    Afro-Negras, constituindo poderoso Condensador Líquido; Condensador é um
    elemento capaz de condensar a vontade e os desejos do Mago.
    - Pólvora:
    muito utilizada nos Cultos Afro, ao incandescer ou explodir libera
    tremenda energia ígnea (do Elemento Fogo), podendo ser utilizada para curar,
    livrar de alguma influência maléfica, criar embaraços ou até mesmo matar,
    tudo em analogia completa ao Elemento Fogo, isto é, ao seu campo de ação.
    Recebe o nome de "Ponto-de-Fogo". Nas obras do autor N.A.Molina encontra-se
    constante referência a ditas práticas, o mesmo ocorrendo nos livros de
    Antônio de Alva e Antônio Alves Teixeira Neto.
    - Nome Mágico:
    chamado também de Orukó, é o Nome Mágico que a pessoa adota após a
    Iniciação no Culto; também os Templos (Ilê) recebem um Orukó.
    - Folhas Mágicas:
    o Camdomblé e seus similares tem como grande fundamento o uso mágico,
    litúrgico e medicinal das ervas, folhas, frutos, raízes e outros elementos
    vegetais. Portanto, seria necessário um volume de centenas de páginas para
    abordar, de forma adequada, o assunto. De qualquer forma, selecionei algumas
    folhas e frutos especiais, devido às suas particularidades:
    A) Folha de Pinhão Branco (Jatrofa Curcas) - usada para substituir o
    sangue animal nas oferendas a Exu;
    B) Folha de Acocô (Naelvia Boldos) - usada da mesma forma que a
    anterior, inclusive sobre a cabeça das pessoas, quando falta o animal a ser
    imolado para o Orixá;
    C) Folha de Iroco (Clorophora Excelsa) - usada como substituto do
    sangue animal nas oferendas, iniciações e assentamentos de Orixás;
    D) Noz de Cola ou Obi (Sterculia Acuminata) - usada em todos os rituais
    iniciáticos do Camdomblé, exceto no culto à Xangô, que recebe, ao invés
    desta, o
    E) Orobô, Orogbo ou Falsa Noz de Cola (Garcínea Guinetóides).
    Tendo-se em vista o que foi dito acima, poderemos tornar nosso
    Camdomblé mais moderno, utilizando as Essências de Flores e de Ervas
    (Essências Florais) como se utilizam as folhas, frutos, Flores, raízes, etc.
    E, também, substituindo muitos elementos por uma substância sua, dinamizada
    homeopaticamente. Creio que dinamizações de D-1 ou D-3 combinadas com
    dinamizações de 10MM seriam o mais adequado, unindo presença física e
    energética. E, para evitar o sacrifício animal ou a destruição de elementos
    naturais, pode-se preparar tais substâncias pelos meios radiestésico ou
    radiônico (ver a obra intitulada "MATERIALIZAÇÕES Radiestésicas", de autoria
    dos Irmãos Servranx, que trata do uso do Decágono para reproduzir
    magicamente a energia de qualquer substância).
    - Banhos Energéticos:
    Abô ou Omieró (banho pronto e, em geral, putrefato) e Amací (banho
    fresco feito com ervas maceradas com água da chuva), são um dos mais ricos,
    complexos e deturpados (magicamente falando) aspectos dos Cultos Afro-
    Negros; os banhos devem ter apenas duas finalidades: Atração e Repulsão.
    Conhecendo-se a natureza dos elementos a serem utilizados no banho, através
    do conhecimento das leis de analogia, pode-se preparar um banho dotado das
    características de Atração ou de Repulsão de qualquer tipo de energia. Só
    isso. Basta escolher qual (ou quais) o elemento da natureza adequado (água,
    ar, terra, fogo), impregná-lo (o banho) com o fluído Elétrico (para
    Repulsão) ou Magnético (para Atração), e está tudo pronto. De qualquer
    forma, a obra de Franz Bardon aborda o assunto com maestria.
    - Defumação:
    vale aqui o que foi dito relativamente aos Banhos.
    Podem atrair ou repulsar energias.
    - Assentamentos (de Orixás, Exus, Egums, Odus, etc.):
    chamadas em ioruba "Igbas" pu "Ibás", os Assentamentos são
    essencialmente uma construção de um corpo físico não-animado, para receber
    determinada energia. Cria-se um Elementar Artificial com corpo físico.
    Assenta-se Orixás, Exus, Egums (Cascarões de desencarnados), Odus, além
    de outras Entidades cultuadas no Camdomblé - Ikú, a Morte; Yiá-Mi-Oxorongá,
    o pássaro negro que personifica todas as feiticeiras e suas energias, entre
    outras -.
    Os elementos, vegetais (folhas, ervas, raízes, madeiras, folhas,
    cascas, frutos, nozes, caroços), minerais (águas, argilas, barros, terras,
    rochas, cristais, gemas, metais, areias, calcário), animais - insetos,
    répteis, mamíferos, aves, peixes, aracnídeos, batráquios, etc - (sangue,
    peles, chifres, garras, unhas, falanges de dedos, pêlos, olhos, dentes,
    prêsas, línguas, víscera, ossos, testículos, fluidos, cabeças, etc.) e
    humanos (sangue de aborto, sangue de acidentado, sangue de morto, feto,
    unhas, crânios, falanges de dedos, dentes, cérebros, línguas, fluidos
    corpóreos - até mesmo sêmen e fluidos vaginais -, cabelos, fezes, urina,
    sangue menstrual, placenta, testículos, víscera, tíbias, ossos diversos,
    corações, etc.), além de objetos variados (facas, lâminas, navalhas, pembas,
    giletes, cacos de vidro, ladrilhos, pó ou poeira de lugares variados, folhas
    de jornais e revistas, pedaços de veículos acidentados, bebidas variadas,
    condimentos, tinturas naturais, o pó produzido pelos cupins, etc.), são
    colocados num jarro, porrão, panela ou vaso, misturados com cimento e água,
    posteriormente assentados em camadas. Daí, sacrificam-se os animais votivos
    sobre o assentamento, decora-se o mesmo com as insígnias ou os paramentos da
    Entidade, além de enfeitar os elementos de decoração com pedaços dos animais
    sacrificados - cabeça, asas, penas, patas, etc -, além de praticar-se atos
    litúrgicos diversos, incluindo orações, cânticos e louvações.
    Tudo isso é muito forte, além de Energeticamente eficiente. Apenas
    creio que podemos realizar coisa melhor sem todo esse trabalho.
    Francis King descreve, em diversas obras suas, coisas interessantíssimas e
    de grande utilidade mágica, como "O Casamento dos Homens com Os Deuses" e o
    "The Homunculus"; Aleister Crowley no seu "MAGICK" dá os fundamentos do
    Mistério da Eucaristia, entre outras preciosidades; Franz Bardon no seu
    "Initiation Into Hermetics" versa sobre os mesmos Mistérios Eucarísticos,
    além da criação de Elementares e Elementais Artificiais, Animação Mágica de
    Figuras e Esculturas, além de muito, muito mais; Pascal Beverly Randolph no
    seu "Magia Sexualis" (em especial na edição espanhola) descreve também a
    Animação Mágica de Figuras (imagens, pinturas, fotografias, desenhos); Peter
    James Carroll nos seus "Liber Null & Psychonaut" e "Liber Kaos", descreve
    didaticamente outras práticas de muito interesse. Com esse material em mãos,
    o Mago tem condições plenas de criar seus próprios Assentamentos, sem ter de
    realizar práticas ou rituais primitivos, nem sacrificar animais ou trabalhar
    com materiais orgânicos perecíveis.
    Para aqueles que desejarem realizar um assentamento no melhor sistema
    africano, purgando as bobagens, dou a minha versão da conjuração chamada de
    "Evocação ao nível da Feitiçaria", de autoria de Peter James Carroll:
    Construir um boneco, de material proveniente da natureza, com as próprias
    mãos (contando, é óbvio, com as ferramentas adequadas); dar forma humanóide
    ou de algum ser real ou mitológico; utilizar, para a escultura, argila, ou
    tabatinga, ou barro, ou madeira, ou pedra; anexam-se gemas, cristais, rochas
    e metais que possuam correspondência energética com a energia que desejamos
    obter do assentamento; todos os materiais utilizados deverão ser purificados
    com água mineral, sumo de ervas Energeticamente compatíveis, defumação com
    substâncias adequadas, além de eventuais desimpregnações por meio de
    gráficos emissores de Ondas-de-Forma; o interior do boneco deverá ser ôco,
    aonde deverá ser derramado um condensador líquido universal, o que permitirá
    a "Animação Mágica" da figura, fato este que dará à mesma movimento...(ver
    Initiation into Hermetics, de Franz Bardon); vasos com flores
    energeticamente compatíveis poderão ser mantidos próximos do assentamento, o
    que manterá energia viva perto de nossa criação; símbolos geomânticos
    ativos, gravados no boneco, ajudarão a definir e manter a energia definida e
    sob controle; a decoração externa ou acabamento do homúnculo é livre,
    devendo-se, porém, evitar materiais perecíveis, derivados ou extraidos de
    cadáveres de animais ou seres humanos, pois, caso contrário, o assentamento
    emitirá energias nocivas no ambiente; tomar muito cuidado com o formato do
    boneco, para que o mesmo não emita RADIAÇÕES nocivas - deveremos, durante a
    execução do corpo físico da entidade, verificar radiestésicamente, todo o
    tempo, a qualidade das EMISSÕES; utilizando-nos dos pêndulos cabalísticos
    para efetuar esse controle, nosso boneco deverá emanar "A Terra", "Sôpro de
    Vida", "Espírito" e "Shin", além de poder emanar (embora devamos ter cuidado
    com essa energia) "Magia"; quanto as EMANAÇÕES nefastas, que deveremos
    evitar a qualquer custo, estão "V-e" (Verde Negativo Elétrico), "Matar"
    (Vermelho Elétrico), "Necromancia", "Forças-do-Mal", "O Adversário", "Shin"
    invertido, "Iavê" invertido, "Ilha-de-Páscoa", "A Terra" invertido, figuras
    geomânticas nefastas, entre outras coisas; seria muito bom que nossa criação
    emitisse, além das energias harmônicas, a energia-invertida das energias
    nefastas; se nossa figura destinar-se a causar influência em terceiros,
    provavelmente emitirá "Magia" - nesse caso, mantê-la longe de áreas de
    repouso, trabalho ou lazer, num local aonde somente tenhamos acesso quando
    quisermos realizar um ato mágico, e não um local aonde se realize outras
    atividades; isto é, no quarto ou escritório, nem pensar!; a entidade
    trabalhará somente para o Mago, portanto, só deverá emitir radiações
    benéficas; realizado o corpo físico da entidade, dirigir-se a ela como se a
    mesma tivesse vida, conversando com a mesma, afirmando e reafirmando nossos
    desejos e pedidos, sempre dentro do mesmo âmbito; poderemos realizar vários
    assentamentos, para ter paz e harmonia, para repelir a má-sorte e acidentes,
    para proteger contra inimigos e malfeitores, para evitar acidentes e
    enfermidades, para atrair amor e amizade, para obter conhecimento de planos
    ocultos ou pessoas distantes, para atrair a prosperidade e a riqueza, entre
    muitas outras coisas; para melhor definir a envergadura de poder de cada
    entidade, podemos tomar por base as casas astrológico-geomânticas, que
    contém em si a energia de uma Egrégora poderosa; tudo isso feito, mentalizar
    a existência de nosso boneco também no mundo da mente, criando uma Imagem
    Telemática idêntica em aparência e atribuições ao boneco; e, para terminar,
    tudo quanto existe deve ter um nome, motivo pelo qual nosso boneco deverá
    ter um nome, se possível análogo às suas quantidades e qualidades, escolhido
    ou montado com cuidados numerológicos, visando evitar, entre outras coisas,
    que a criatura se volte contra o criador...
    Tudo feito adequadamente, essa entidade artificial poderá, inclusive,
    ser invocada e evocada pelo seu criador. Agirá então, a entidade, como
    qualquer inteligência original. Obviamente, poderão ser criadas entidades
    artificiais para as mais diversas finalidades, mas, coisas nefastas atraem
    energias perigosas, e assim por diante. Bom senso faz bem.
    Para os que preferem "assentar" Entidades não-antropomórficas, podemos
    utilizar um cristal de quartzo para "corpo" de nossa criação, uma vasilha de
    cristal translúcido como receptáculo (à lá Dr. Edward Bach). Areia no fundo,
    para firmar a base do cristal, condensador sólido sob o cristal, condensador
    líquido pincelado ou espargido sobre o cristal. Pode-se utilizar de
    Essências Florais para enriquecer o condensador líquido; sigilo ou pantáculo
    consagrado são uma boa idéia para potencializar o conjunto. Um "Cofrinho
    Emissor de Raio PY" para colocar-se os "pedidos" à Entidade. Uma pirâmide,
    que mantenha todo o conjunto dentro de sua geometria, pode manter a energia
    num nível surpreendente. Substâncias homeopaticamente dinamizadas poderão
    tornar o Elementar poderoso e versátil. Pode-se utilizar gráficos
    moduladores de ondas-de-forma para definir melhor a natureza e a envergadura
    da Entidade. Por outro lado, ao se querer cultuar os Orixás, pode-se
    realizar rituais simples como a queima de velas coloridas (compatíveis, é
    claro), ou até mesmo oferendas de ovos ou de rodelas de cebola, com uma vela
    acesa no centro da rodela de cebola. Só não se deve tentar "assentar" um
    Orixá, ou cultuar um assentamento, pois são coisas totalmente distintas e
    que não devem jamais ser misturadas. Por aí é que se vê que muita coisa que
    se faz no Camdomblé é cultuar Elementares, suponde se estar cultuando o
    próprio Orixá.
    Para os desejosos em se aprofundar no assunto, ver a obra de Franz
    Bardon, "Initiation into Hermetics", e a obra de Peter James Carroll, "Liber
    Kaos".
    A indicação da utilização de materiais orgânicos perecíveis,
    freqüentemente encontrada nas instruções para a construção do GOLEM, não
    trará nenhuma vantagem ao Mago que deseje executar assentamentos de Energias
    Afro; há exceções, mas devem ser deixadas para quem sabe o que está fazendo.
    Para terminar o assunto, evitando induzir alguém em erro, é conveniente
    lembrar que não devemos tratar um assentamento como se fosse um ídolo. O
    assentamento não pode ser louvado como uma imagem sacra num altar de Igreja.
    O assentamento é, na realidade, uma poderosa "Imagem Talismânica", criada
    para tornar mais efetiva a concentração quando da "chamada" (Invocação ou
    Evocação) da respectiva Entidade.
    - Águas:
    são utilizadas em praticamente todos os tipos de rituais, tendo
    especial importância devido a procedência (de poço, de chuva, de praia, de
    alto mar, de rio, de vala, de cachoeira, de lago, de açude, etc.). Seu uso é
    tanto interno quanto esterno.
    - Pedras:
    são importantes devido ao uso litúrgico, sendo o elemento principal da
    maioria dos assentamentos (são chamadas Otá ou Okutá). Nas pedras reside a
    força dos Orixás, e nelas devem concentrar-se o Culto, segundo a tradição
    religiosa. Pena não haverem utilizações mais amplas e práticas das pedras no
    Camdomblé, além da falta de conhecimento relativo às virtudes terapêuticas e
    mágicas das mesmas. De qualquer forma, há um Culto às Pedras, e isso é
    importante! E os cristais de quartzo são pedras!
    - Metais:
    diferentemente das pedras, os metais, no Camdomblé, tem papel
    coadjuvante apenas, tendo cada Entidade seus metais correspondentes, mas o
    conhecimento do assunto no meio é tão superficial que nada há para dizer.
    - As receitas (inflexíveis e complexas):
    Peter James Carroll, brilhante autor e ocultista britânico, diz, em
    suas obras, que, se um ritual é tão complexo que precisamos escrevê-lo
    detalhadamente para não cometermos deslizes, esse ritual precisa,
    urgentemente, ser simplificado, de forma que caiba todo na cabeça!
    É exatamente assim que penso. Os Ebós utilizados no Camdomblé são como
    receitas de bolo: detalhados até na quantidade de cada elemento! Claro está
    que a tradição tem seu lugar, mas esse lugar é no folclore ou na religião,
    não na Magia e no Hermetismo. Para elaborar as próprias "receitas mágicas"
    seja lá do que for, o Mago deve conhecer as leis de analogia, bastando
    decidir se deseja atrair uma Energia, repulsá-la, influenciar alguém (ou a
    si mesmo) com a Energia Elemental escolhida, ou tratar uma enfermidade pelos
    fluidos eletro-magnéticos. Para aprofundar-se no assunto, ver as obras de
    Franz Bardon.
    Só para deixar claro, os tópicos para que um "trabalho" funcione são:
    1) vontade do operador;
    2) invocação ou evocação de alguma Entidade cuja envergadura e natureza
    do poder permita realizar o que se deseja;
    3) direcionamento da energia invocada, evocada ou criada.
    - Divinação:
    no Camdomblé, é feita utilizando-se da Geomancia. Há o Jogo da Alobaça
    (praticada com uma cebola cortada em quatro), o Jogo de Búzios (praticado
    com quatro ou dezesseis búzios da espécie "Ciprae Moneta" e seus
    semelhantes) e o Opelê-Ifá (praticado com o Opelê). Dividi-se essas práticas
    em divinações litúrgicas e profanas. O método Afro, apesar de rudimentar, é
    preciso e com ele obtem-se bons resultados. Só é necessário ater-se à
    interpretação da Geomancia Racional, descartando a interpretação clássica,
    por esta última ser insuficiente e inadequada, além de basear-se em
    parâmetros equivocados.
    - Criação de Zumbis:
    aviva-se um cadáver físico de alguém, cria-se um Elementar Artificial,
    colocando-se o mesmo "dentro" do cadáver, que então terá novamente vida,
    muito embora de forma distinta. Mas esse processo é trabalhoso, perigoso e
    de conseqüências imprevisíveis.
    - Paramentos:
    são as roupas e insígnias dos Orixás e outros, que mostram clara
    distinção dos Arquétipos aos quais se deseja vinculá-los.
    - Armas:
    vale aqui o que disse no item "paramentos".
    - Fundamentos de Ifá:
    são os fundamentos da Geomancia e da Magia Geomântica.
    - Animais:
    os Animais Sagrados são considerados Animais Votivos, e imolados em
    holocausto aos Orixás e Exus; uma deturpação do sentido verdadeiro tanto das
    correspondências das Entidades com os animais, quanto com relação a função
    dos sacrifícios animais.
    - Plantas:
    o mais importante item da cultura mágica Afro, pois as plantas são
    usadas em todos os rituais, da Iniciação aos funerais, da Magia à
    terapêutica. Há muito o que aprender sobre fitoterapia com o Camdomblé.
    - Efó:
    são os encantamentos recitados em Ioruba, que acompanham todos os
    rituais. Podem ser recitados ou cantados.
    - Evocação, Louvação:
    é o que se pratica quando se oferece algo (Ebó) à Entidade, pedindo sua
    proteção ou intervenção.
    - Invocação:
    é o que se chama "virar no santo" ou "bolar no santo". Consiste em
    "receber" a Energia do Orixá de forma passiva, deixando-se usar como
    instrumento da Entidade.
    - Talismãs:
    são os "fios de contas", "Axés" - breves -, alianças de cobre, pós
    mágicos dentro de saquinhos de tecido, entre outras coisas. A Magia
    Pantacular inesiste no Camdomblé.
    - Mangaka:
    é o bonequinho todo cravejado de pregos. Consiste simplesmente numa
    estátua animada magicamente, que contém, em seu interior, um condensador
    líquido. São cravejados nela inúmeros pregos. Quando se tira um prego, se
    condensa o desejo no mesmo, enfiando-se a seguir de volta no bonequinho.
    Assim, o Homúnculo agirá de acordo com a vontade do Mago. É originário do
    Congo, atual Zaire.
    - Música, Ritmos e Cantos:
    elementos de suma importância nos rituais Afro, aonde as emoções são
    expressadas livre e primitivamente, facilitando a atuação da Energia Evocada
    ou Invocada.
    - Consagrações:
    são práticas litúrgicas usadas sempre, em tudo. Os rituais em geral são
    simples, mas eficazes.
    - Ebós com Animais:
    são feitos com partes dos animais (intestinos, por exemplo), que
    recebem o testemunho da vítima, Condensadores Sólidos e/ou Líquidos, sendo
    posteriormente enterrados; aí, passado um tempo, o efeito se fará sentir por
    ação do Elemento Terra (por decomposição).
    Há alguns tipos de Ebós que utilizam animais vivos (sapo com a boca
    costurada, cabra, porco ou coelho com caranguejo vivo costurado dentro do
    ventre, lagartixa ou caranguejo enrolado em filó), aonde se colocam o
    testemunho da vítima junto com elementos que farão o animal sofrer lenta e
    terrível agonia; aí, o que ocorre, é que o animal (sempre) emite Ondas
    Biológicas (as Ondas utilizadas para diagnóstico e tratamento em Tele-
    Terapias, Radiestesia e Radiônica), emitindo-as, no caso, permeadas de dor e
    sofrimento terríveis. Junta-se nessa emissão de Ondas Biológicas do animal a
    Energia também de Ondas Biológicas da vítima, através de seu testemunho (o
    Testemunho liga-se a seu "dono" por meio do Raio-Testemunho, o raio que liga
    a pessoa aos seus pedaços ou imagens). Atingido o alvo, é claro que o
    resultado será desastroso.
    - Assentamentos de Odus:
    assenta-se a Energia das Figuras Geomânticas, da mesma forma que se faz
    com as outras Energias. O principal problema que se enfrenta aqui é que as
    interpretações das figuras geomânticas dentro do Camdomblé (e seus
    similares) é sempre ambíguo, tendo sempre aspectos bons e ruins. Uma
    reformulação é necessária, para desmanchar esse verdadeiro labirinto.
    Só uma dica: pode-se fazer a fixação da energia das figuras geomânticas
    por meio de um simples Pantáculo! Para que tanto trabalho?
    Sobre Pantáculos, ver a obra de Franz Bardon.
    - Magia Sexual:
    inexiste nos cultos Afro, exceto no Vudú Haitiano. Mesmo assim, está
    muito aquém de algo realmente prático e eficiente. Ver a obra "Magia
    Sexualis" de Pascal Beverly Randolph.
    - FT e FPA:
    Forças das Trevas e Forças Psíquicas Assassinas são dois conceitos
    metafísicos que definem a Energia da Magia maléfica Afro. Desse prisma,
    podem ser eliminadas pela Radiônica ou Ondas-de-Forma.
    - Boneco Vodu:
    o clássico bonequinho cheio de alfinetes é simplesmente um boneco de
    cera, madeira ou pano, com diversos elementos da vítima, que, por práticas
    ritualísticas, passa a ser um Testemunho Artificial Vivo da vítima; deve ser
    Animado Magicamente, batizado (utilizando-se da Egrégora do Batismo),
    posteriormente deixado para "Saturar de Energia" (deixado enterrado por toda
    uma lunação), o que fará com que o que for feito ao bonequinho cause algum
    efeito na vítima; daí, se espeta o boneco com alfinetes de aço, devidamente
    impregnadas com nosso desejo. E o desejado deve ocorrer, em breve. Quando se
    deseja a morte da vítima, se enterra o bonequinho, com caixão e tudo,
    reproduzindo um verdadeiro funeral (utiliza-se da Egrégora do Funeral,
    Enterro). Todas essas práticas podem ser classificadas como de
    "transplantação" ou "Magia Mumíaca". Sobre o assunto, ver a obra completa de
    Franz Bardon (em especial o capítulo VIII do "Initiation Into Hermetics" e o
    "The Practice of Magical Evocation" em sua totalidade).
    Podem ser utilizados, também, em magia benéfica, ou até mesmo em magia
    de proteção - criando-se, por exemplo, várias égides nossas, deixando-as em
    locais diversos, visando dispersar ataques mágicos desferidos contra nós.
    Sobre isso, ver os livros de Frater U.D., sobre Sigilização Mágica e Magia
    Sexual.
    - Ferros dos Assentamentos:
    usados sobre a massa do assentamento, emitem Ondas-de-Forma análogas às
    qualidades da Entidade.
    - Importância do Ovo:
    é um dos principais fundamentos da Cultura Mágica Afro, conforme disse
    antes. Só por curiosidade, o ôvo tem a capacidade de sugar Energias nocivas
    das pessoas, locais e objetos, quer seja pela colocação do mesmo junto a um
    testemunho da vítima, ou por passá-lo na própria pessoa (ou colocado no
    local) alvo da Energia nefasta. Se, após impregnado e saturada de dita
    Energia, for enterrado, o efeito da Energia some, e a mesma se dissipa nos
    Elementos. Se, porém, for atirado longe, de forma a espatifar-se, a Energia
    retorna a quem a enviou...e bem rápido!
    É importante, porém, frisar, que a Energia “sugada” pelo ovo pode,
    facilmente, passar para o operador, num instante!
    Além disso, há práticas místicas que transmutam a Energia natural do ovo em
    outra coisa; por exemplo, há uma “cantiga” que permite dar, ao ovo, a mesma
    Energia de um galo vivo! Dessa forma, ao se ofertar o ovo, se entrega à
    Entidade um galo!
    Só um alerta importante: NÃO TRABALHEM COM OVOS, sem um prévio conhecimento
    sobre o assunto.
    Estejam avisados!
    - Troca-de-Cabeça:
    é a troca da vitalidade do enfermo ou do moribundo pela energia de
    outro ser, saudável e vigoroso.
    Eu aconselho fazer-se com ovos, pedras ou plantas; no Camdomblé se faz
    com animais; há quem faça com pessoas...
    - Círculo Mágico:
    só aparece na divinação, quer seja na peneira ou no colar de contas
    (Jogo dos Búzios), ou ainda no Opón, tábua de madeira usada na divinação por
    Ifá.
    - Tarot:
    inexiste a tradição do uso de cartas para divinação ou meditação, mas
    já existe um Tarot do Voodoo de New Orleans, e um Tarot dos Orixás, da
    editora Pallas.
    - Proteção contra ataques psíquicos:
    práticas inexistentes nos Cultos Afro.
    - Espelhos Mágicos:
    existem, mas muito rudimentares, e em pequeno número; são mais comuns
    em Cuba. Ver obra de Franz Bardon e Pascal Beverly Randolph.
    - Uso de Testemunhos:
    nos Cultos Afro, se utiliza muito, para Magia a distância, algum
    Testemunho (no sentido radiestésico) da pessoa visada. Para os
    Camdomblecistas, são testemunhos válidos quaisquer sinais da pessoa (sangue,
    urina, fezes, cabelos, aparos de unhas, esperma, SECREÇÕES vaginais, saliva,
    suor), sua foto (apesar que muitos Sacerdotes do Culto não gostam muito de
    trabalhar com fotos, enquanto outros exigem fotos novas - tudo bobagem, pois
    foto é um excelente testemunho, não importa a idade nem o tamanho), a roupa
    usada e suja (em especial as roupas íntimas e as meias), fronha do
    travesseiro, sapatos, palmilhas, assinatura, e, até mesmo, a pegada da
    pessoa - a terra aonde ela pisou ou o pó do local aonde pisou - , o que eu
    acho muito arriscado para um uso sério.
    De qualquer modo, mesmo em se tratando de testemunhos válidos, a falta
    de cuidados no manuseio dos mesmos pode invalidar o ato mágico. Muito melhor
    contruir-se testemunhos artificiais do que trabalhar com um testemunho de
    valor energético duvidoso.
    Assim, podemos observar que o Camdomblé navega num mar da mais profunda
    ambiguidade.
    Enquanto suas práticas iniciáticas são decididamente shamânicas do lado
    do Iniciando ou Iniciado (ao menos durante seu período como Iaô), as mesmas
    práticas, isto é, as práticas complementares àquelas, mas realizadas pelo
    Iniciador, são claramente do nível da feitiçaria.
    Na Geomancia, rica e elaborada, com um panteão próprio (uma vez que
    todos os Odus tem suas representações antropomórficas), o método de praticála
    é sempre simplificado, utiliza-se de instrumentos primitivos sem nenhum
    significado oculto, ignora-se as fusões das figuras, que portanto são 256 ao
    invés de apenas 16; essas, por sua vez, variam quanto a natureza da energia
    a todo momento, ora significando benesses, ora o oposto - e isto a mesma
    figura! Por exemplo, tomemos a melhor figura geomântica, no domínio
    energético e sutil, "Laetitia", 1222; no Camdomblé, é o melhor Odu, "Obará",
    1222. No Camdomblé, Obará prenuncia riquezas (atribuição de Fortuna Major,
    2211), promete que seus filhos nascem pobres mas morrem ricos. Obará só tem
    um aspecto nefasto: seus filhos são os mais sujeitos a feitiços, inveja,
    olho-grande e coisas afins. Laetitia significa "alegria", simbolizada por
    uma barraca, que provê a proteção do céu. Ou a bobagem foi pura burrice, ou
    é coisa de painhos querendo faturar...
    A Geomancia Afro é mais uma forma de Astrologia Horária; como todas
    essas, não possui um "evolutivo". Somente a nossa "Nova Geomancia" a
    Geomancia Racional, possuí o "evolutivo", obtido através da rotação das
    casas, resultado do resto na operação de divisão do total de traços obtidos
    por doze (ver obra do Panisha sobre o assunto).
    Outras figuras de manifesta ambiguidade são o Odu Oxé e a figura Amissio
    (perda), 1212; como Odu, significa riqueza, mas como figura geomântica
    significa empobrecimento e, até mesmo, a morte. O Odu Oyekú, o Odu da morte
    (Oyá-Ikú), em nada corresponde a Populus, embora ambas tenham a mesma figura
    numérica, 2222. O Odu Odí é tido como o pior dos Odus, enquanto que a figura
    de Carcer é uma figura de entraves, tendo seu aspecto bom na casa 12
    (entrava os acidentes, obstáculos e doenças), e algumas vezes bom na casa 8
    (entrava as mudanças, mas também a morte). Isso só para começar. Mas basta
    de Geomancia.
    O Camdomblé possuí um dos mais belos e ricos panteãos de Deuses jamais
    conhecidos, embora muitos aspectos de relevância tenham se perdido ao longo
    do tempo. E com a ausência desses elementos fica muito complicado encontrar
    as corretas atribuições com Deuses de outros panteãos, bem como com a Árvore
    da Vida. Aspectos relativos a sexualidade, tão patentes entre os Deuses da
    Índia, são praticamente ausentes entre os Deuses Afro, ou, quando presentes,
    seus dados são por demais perfunctórios, tornando sua utilização mágica
    muito arriscada. Creio que o resgate do "elo perdido" é necessitado com
    urgência.
    Como se não bastasse o que relatei acima, temos, no Camdomblé,
    práticas mágicas do nível da feitiçaria, com alguns poucos toques de
    shamanismo. Curioso é que muitos praticantes do Camdomblé creem que, para
    que a Magia funcione, é necessário ter-se o auxílio de um "parceiro astral",
    um Exu ou um Egum, devidamente assentado, com todos os Ossé (tratamentos e
    obrigações) em dia (portanto, potencializado). Quer dizer, o Exu (ou o Egum)
    deve existir tanto no plano físico, através do assentamento (ver Evocação ao
    nível da Feitiçaria), como nos planos sutis, pela manutenção da imagem
    mental da entidade (ver Evocação ao nível do Shamanismo).
    E, para encerrar com "Chave-de-Ouro" o assunto, uma verdadeira
    barbaridade, prova cabal da profunda ignorância daqueles que se dizem
    detentores dos Fundamentos do Culto: definem os Orixás como sendo
    Elementais! Seria bom que essas pessoas estudassem um pouco de Mitologia,
    Arquétipos, Egrégoras e Elementais, para saírem do poço de ignorância que
    está destruindo o último Culto Vivo aos Deuses Internos do Homem, o
    Camdomblé!
    Trocando em miúdos, na Umbanda e na Quimbanda, se pratica e Invocação
    Mágica (a qual se chama de Incorporação), e a Evocação Mágica - quando se
    busca, pelas oferendas compostas de velas coloridas, bebidas, charutos e
    outras coisas, criar uma atmosfera propícia à manifestação da Entidade - ,
    quando então se pede à Entidade o que se deseja.
    Já as oferendas no Candomblé - Ebós - tem dois aspectos distintos, o
    primeiro sendo a criação de uma atmosfera propícia à manifestação da
    Entidade, e o segundo a criação de Elementares, para a execução de operações
    mágicas. Nada, aliás, que não se consiga repetir por outras dezenas de
    métodos mais simples, práticos e baratos - o que, porém, não invalida a
    tradição. Praticar o Camdomblé com artigos importados da África ou da
    Nigéria é tão absurdo quanto importar gêlo das geleiras dos polos ou neve da
    América do Norte ou Europa para realizar rituais da Wicca adequados ao
    inverno...
    É lamentável constatar que o Candomblé, religião Thelêmica, Sistema de
    Magia antes de tudo Pragmático, foi transformado num culto vazio, pobre,
    custoso e dominado por pessoas ignorantes, inescrupulosas e mercantilistas.
    ****************************************************************************
    "CAMPO DE ATUAÇÃO, CORES VOTIVAS E SAUDAÇÕES AOS ORIXÁS"
    OXALÁ: paz, harmonia, longevidade, velhice, vitória;
    - "XEU EU BABÁ!" (para o Velho - OXALUFÃ)
    - “ÊPA BABÁ!" (para o Moço - OXAGUIÃ, e outras qualidades)
    > branco, algumas vezes branco e azul;
    XANGÔ: justiça, conquista, vitória, amor, sexo, lar, trabalho, riqueza;
    - "OXÉ CAÔ CABIECILE!"
    > branco e vermelho, algumas vezes só vermelho;
    XANGÔ AFONJÁ: ídem Xangô.
    > branco e vermelho;
    XANGÔ AYRÁ: ídem Xangô, além de intelectualidade.
    > branco, algumas vezes branco e vermelho;
    XANGÔ AGANJÚ: ídem Xangô.
    > marrom e vermelho;
    OGUM: guerra, vitória, trabalhos manuais, habilidades;
    - "OGUNHÊ PATACURÍ!"
    > azul-escuro, azulão;
    ABALUAIÊ: saúde, doenças, morte;
    - "AJUBERÚ, ATÔTÔ!"
    > branco e preto, preto e vermelho, preto e amarelo, branco-preto-vermelho;
    OXUMARÉ: riqueza, boa sorte;
    - "ARRÔBÔBÔI!"
    > preto e amarelo;
    EXÚ, BÁRA, ELEGBARÁ, LEGBÁ, BOMBOMGIRA: tudo;
    - "LARÔIÊ EXÚ, EXÚ É MOJIBÁ!"
    > preto, vermelho, branco e roxo, algumas vezes preto e vermelho, ou branco;
    ERÊ: alegria, paz, harmonia, infância;
    - "ERÊ-MIM!"
    > azul-claro, ou rosa-claro, ou branco, ou dourado, ou verde-claro;
    OXÓSSI: caça, amor, fartura, agricultura;
    - "OKÊ ARÔ!"
    > azul-claro;
    NANÃ: morte, saúde, longevidade;
    - "SALÚBA, NÂN!"
    > roxo e branco, algumas vezes só branco;
    OXUM: amor, sexo, boa sorte, riqueza, prosperidade;
    - "ÓRÁIÊIÊO!"
    > dourado, algumas vezes dourado e branco;
    IEMANJÁ: harmonia, paz, lar, prosperidade, fartura;
    - "ÔDÔIÁ!"
    > branco ou incolor, algumas vezes azul-claro, outras azul e branco;
    OBÁ: justiça, amor;
    - "ÔBÁ XIRÊE!"
    > vermelho, algumas vezes coral;
    OYÁ: sexo, amor, guerra, os mortos;
    - "ÊPARRÊI!"
    > coral, algumas vezes vermelho, outras vermelho e coral, ou coral e branco;
    IRÔCO: hemorragias;
    - "IRÔDEGÍ!"
    > cinza;
    YEWÁ: visão, vidência;
    - "RIRÓ!"
    > amarelo e vermelho;
    OSSÃE: ervas, saúde, medicina, alquimia, magia;
    - "EUEU ASSA!"
    > branco e verde;
    TEMPO: o tempo, as forças da natureza;
    - "ZÁRA, TEMPO!"
    > amarelo e vermelho;
    LOGUM-EDÉ: amor, sexo, caça;
    - "LÓSSI, LÓSSI, LOGUM!"
    > azul-claro e dourado;
    IFÁ: destino, futuro, segredos;
    - "ODÚDÚA DÁDÁ ÔRÚMILÁ - AXÉ IFÁ!"
    > verde e amarelo;
    YIÁ-MÍ-OXORONGÁ: magia-negra;
    - "AXÉ!"
    > preto;
    AJÊ: riqueza, fartura, prosperidade;
    - "AXÉ!"
    > dourado e prateado;
    EXÚ DE QUIMBANDA/POMBA-GIRA DE QUIMBANDA: tudo;
    - "LARÔIÊ!"
    􀂾 preto e vermelho, algumas vezes preto-branco-vermelho;
    NOME DE:
    ORIXÁ (ALAKETU) VODUM (GÊGE) INKICE (ANGOLA)
    OXALÁ OLISASSA LEMBA-DI-LÊ
    XANGÔ SOBÔ, BADÊ ZAZE
    OGUM GU ROXIMOCUMBI
    IBÊJE ERÊ VUNJI
    EXÚ BÁRA, ELEGBARA, LEGBÁ BOMBOMGIRA
    OMOLÚ, OMULÚ {XAPANÃ, SAPATÁ, AZOANÍ, KIKONGO, CAJANJÁ
    {BABALUAIÊ, INTÔTO
    OXUMARÉ, OXUMARÊ {BESSÉM, ABESSÉM, SIMBÍ, {ANGOROMÉIA,
    {DAMBALAH, SOBOADÃ {ANGORÔ
    OXÓSSI, ODÉ ODÉ, AGUÊ KIBUCOMOTOLOMBO
    {NANÃ, NANÃ BURUKÚ, TABOSSI RADIALONGA
    {ANÃBURUKÚ
    OXUM AZIRÍ KISSIMBÍ
    {IEMANJÁ, YEMONJÁ, INAÊ, MARBÔ {JANAÍNA, MUCUNÃ,
    {YIÊMÔNDJÁ {KAIALA, KIANDA,
    {OLOXUM
    YANSÃ OYÁ KAIONGO
    TEMPO TEMPO KATENDE
    IRÔCO LÔCO LÔCO
    IFÁ FÁ IFÁ
    YEWÁ YEWÁ YEWÁ
    YIÁ-MÍ-OXORONGÁ AJÉ, ADJÉ, OXÔ ADJÉ
    AJÊ, ADJÊ ADJÊ-XALÚGA AJÊ
    “OS ARCANOS MAIORES DO TAROT E OS ORIXÁS”
    ARCANO ORIXÁ
    0 O LOUCO IAÔ - O INICIANDO
    I O MAGO OSSAIN
    II A GRÃ-SACERDOTISA NANÃ
    III A IMPERATRIZ IEMANJÁ
    IV O IMPERADOR XANGÔ
    V O PAPA/O HIEROFANTE OXALÁ
    VI OS NAMORADOS OXÓSSI
    VII O CARRO OGUM
    VIII A JUSTIÇA OBÁ
    IX O HEREMITA/O HERMITÃO OMOLU
    X A RODA DA FORTUNA IFÁ
    XI A FORÇA OYÁ
    XII O PENDURADO/O ENFORCADO LOGUM-EDÉ
    XIII A MORTE ÉGUM
    XIV A TEMPERANÇA OXUMARÊ
    XV O DIABO EXÚ
    XVI A TORRE TEMPO
    XVII A ESTRELA OXUM
    XVIII A LUA YEWÁ
    XIX O SOL IBEJI
    XX O RENASCIMENTO/O JUÍZO BABÁ-ÉGUM
    XXI O MUNDO O ÔVO CÓSMICO DE DAMBALLAH E AYIDA
    “OS ODÚS E O JOGO DOS BÚZIOS”
    - jogo com dezesseis búzios - “merindilogum” -
    nº de * figura * nome em * nome em
    búzios * geomântica * latim * yoruba
    “abertos” * * *
    0 * nenhuma * nenhum * Opira
    1 * 1111 * Via * Ogbé ou Ejí-Onile
    2 * 1112 * Cauda Draconis * Ogundá
    3 * 1121 * Puer * Iretê ou Mejioco
    4 * 1122 * Fortuna Minor * Irossum
    5 * 1211 * Puela * Oturá ou Ejí-Oligbon
    6 * 1212 * Amissio * Oxé
    7 * 1221 * Carcer * Odí
    8 * 1222 * Laetitia * Obará
    9 * 2111 * Caput Draconis * Ossá
    10 * 2112 * Conjunctio * Iwóri ou Obetegundá
    11 * 2121 * Aquisitio * Ofum
    12 * 2122 * Albus * Iká
    13 * 2211 * Fortuna Major * Owanrin
    14 * 2212 * Rubeus * Eji-Laxeborá ou Oturupon
    15 * 2221 * Tristitia * Okaran
    16 * 2222 * Populus * Aláfia ou Oyekú
    posted by iSygrun Woelundr @ 12:40 PM   3 comments
    A MULHER NO TAMBOR DE MINA (*)
    Mundicarmo Maria Rocha Ferretti (**)

    Análise da posição e representação da mulher e das entidades espirituais femininas no Tambor de Mina do Maranhão.

    1. INTRODUÇÃO

    A importância da mulher na religião afro-brasileira tem sido afirmada e demonstrada por muitos pesquisadores, mas há uma carência de estudos sobre a representação do feminino nas diversas manifestações da religião afro-brasileira: Candomblé, Umbanda, Batuque, Xangô, Tambor de Mina e outras. Neste trabalho pretendemos examinar a posição da mulher e das entidades espirituais femininas no Tambor de Mina do Maranhão e fazer uma análise de alguns rituais realizados em terreiros de São Luís, para entidades femininas, procurando ver como a mulher (ou o feminino) é representada naqueles rituais(1).

    2. A MULHER NO TAMBOR DE MINA DO MARANHÃO
    No Tambor de Mina - manifestação da religião afro-brasileira típica do Maranhão e predominante no Norte do Brasil - a mulher é maioria, tanto como médium de incorporação quanto na chefia dos terreiros. Esta posição, apesar de maior nos terreiros antigos (que vêm do século passado) é também observada em terreiros mais novos, onde a Mina costuma coexistir com outros sistemas religiosos como: Cura ou Pajelança, Mesa Branca (kardecista), Umbanda e o Candomblé.
    Em São Luís, nos terreiros mais antigos, homem não costuma entrar em transe e, quando recebe uma entidade espiritual, não dança tambor. Por essa razão, nunca assume a chefia do terreiro, o que justifica a afirmação da existência de um matriarcado no Tambor de Mina. Embora tenha havido no Maranhão, no século passado e no início do nosso século, alguns pais-de-santo que prepararam mães de terreiros importantes, só as mulheres são lembradas como "pilares" do Tambor de Mina - é difícil alguém contar a história da Mina sem lembrar os nomes de: Andresa, da Casa das Minas, Dudu, da Casa de Nagô, Anastácia, do Terreiro da Turquia, Vó Severa, Nhá Alice, Maximiana e de tantas outras mães-de-santo.
    A partir dos anos cinqüenta, houve, em São Luís, uma proliferação de terreiros abertos por homens (geralmente já integrados no campo religioso afro-maranhense, como curador/ pajé), mas, mesmo nos terreiros abertos por eles, a mulher tem maioria e ocupa posições de destaque. Embora não seja ali a mãe-de-santo, é, geralmente, a guia ou mãe-pequena e a contra-guia (a segunda e terceira pessoa da casa). Na Casa Fanti-Ashanti (terreiro aberto em 1958 por Pai Euclides, já conhecido como curador, e que introduziu ali, em 1980, o Candomblé), todas as posições hierárquicas logo abaixo do pai-de-santo são ocupadas por mulheres e, quando realizamos ali nosso trabalho de campo (1984-1987), 90% dos participantes dos toques de Mina e 80% dos participantes do Candomblé eram do sexo feminino (FERRETTI,M.R., 1993).
    A posição das entidades espirituais femininas nos terreiros de Mina da capital maranhense parece, no entanto, inferior à das masculinas, sejam elas vodum, orixá, gentil (nobre associado a orixá) ou caboclo. Além delas serem numericamente inferiores e de, geralmente, permanecerem "em terra" por menos tempo que as masculinas, as entidades femininas não são recebidas em todos os rituais, e poucas são "donas" de terreiro ou da cabeça dos filhos-de-santo. Na Mina, a maioria das entidades espirituais recebidas como "donas da cabeça" ou guia-chefe (seu representante na linha de caboclo), pertence ao sexo masculino e, raramente, um terreiro tem como chefe espiritual uma entidade feminina. Embora o nome dos terreiros nem sempre reflita suas crenças e valores atuais, parece significativo que, num levantamento de terreiros maranhenses realizado por Maria do Rosário e Manuel Santos (SANTOS e SANTOS NETO, 1989), enquanto 60% dos terreiros de Mina da capital eram dirigidos por mães-de-santo, menos de 20% dos que têm nome de santo ou de entidade espiritual tinham nomes femininos (Iemanjá, Rainha Rosa, Chica Baiana, Maria Bogi, Cabocla Ita, Nossa Senhora da Guia, Santa Bárbara).
    Na Casa das Minas-Jeje (terreiro considerado o mais antigo do Maranhão), embora o transe com vodum feminino tenha a mesma duração e ocorra nos mesmos rituais em que ocorre o das entidades masculinas, atualmente, só Abê está sendo recebida, o que significa que, atualmente, mais de 90% das vodunsis da casa entram em transe com vodum masculino (Dossu, Lepon, Averequete, Jotim, e outros). No passado, no entanto, eram também recebidas ali, pelas vodunsis-gonjai (com iniciação completa) as tobôssis - entidades femininas infantis (meninas) que, embora não fossem "donas da cabeça", eram recebidas, com orgulho, fora do "toque", nas festas e obrigações grandes.
    Na Casa de Nagô (fundada por africanas, no século passado, como a Casa das Minas-Jeje, onde se recebem orixás, voduns, gentis e caboclos) embora não haja uma festa ou ritual só para entidades femininas, elas são incorporadas, principalmente, na festa de Santa Bárbara e na Bancada (ritual realizado na quarta-feira de cinzas, onde há grande distribuição de doces e frutas, de que nos ocuparemos mais adiante, neste trabalho). Na Casa de Nagô, embora as entidades femininas e os gentis participem dos toques, nunca ficam "em terra" até o encerramento dos rituais. Depois de algum tempo, costumam "dar passagem" a uma entidade masculina e cabocla, prática também observada em outros terreiros.
    Em diversos terreiros de São Luís, costuma ocorrer uma festa só para entidades femininas, freqüentemente denominadas tobôssas, realizada, geralmente, no aniversário da "senhora" do pai ou mãe-de-santo, ou no dia de uma santa do catolicismo a ela associada: Santana (associada a Vó Missã ou Nanã), Santa Bárbara (a Maria Bárbara Soeira, a Iansã e outras), Nossa Senhora da Conceição (a Mãe Maria e a Iemanjá), Santa Luzia (a linha de princesas da Cura/Pajelança), e outras. Nestes terreiros, as festas e os rituais para as tobôssas são, geralmente, muito dispendiosos, pois envolvem luxo, delicadeza e sofisticação - "coisas finas", de classe alta, e distribuição de alimentos. Entre estes rituais, merecem destaque: a Bancada e o Tambor das tobôssas, realizados em muitos terreiros de Mina da capital, onde o feminino e o infantil estão muito associados.
    3. BANCADA E TAMBOR DAS TOBÔSSAS ("SENHORAS") (2)
    O termo Bancada designa, no Tambor de Mina, rituais realizados na Casa das Minas-Jeje, na Casa de Nagô (terreiros de São Luís fundados por africanos) e em terreiros nelas inspirados, na quarta-feira de cinzas, onde há grande distribuição de frutas, doces, bebidas, pipocas e outros alimentos, a pessoas ligadas à religião ou ao pessoal a ela devotado. Estes alimentos, antes de serem distribuídos, permanecem por várias horas no quarto de santo e sua preparação envolve a observância de muitos preceitos. Na Mina-Jeje, a distribuição é feita pelas filhas-de-santo em transe com voduns masculinos ou femininos e inclui, obrigatoriamente, pipoca, "azogri" - farinha de milho torrado misturada com açúcar, coco e feijão torrados (FERRETTI,S.F., 1985 e 1991). Na Casa de Nagô, a Bancada é realizada pelas filhas-de-santo incorporadas com entidade espiritual feminina (adulta ou menina, como a Princesa Mira e Diana) ou com entidade masculina (vodum, como Xapanã, gentil, como Dom João, e caboclo, como Tabajara).
    Em outros terreiros de São Luís, a Bancada costuma ser realizada apenas com entidades femininas, de preferência com as nobres (rainhas e princesas) e, embora possa ocorrer na quarta-feira de cinzas, realiza-se mais freqüentemente: 1) no primeiro dia do ano (quando muitos terreiros no Brasil festejam Iemanjá); 2) no dia 31 de maio ou em outra data de festejo de Nossa Senhora no calendário católico, como 8 de dezembro (festa de N. Sra. da Conceição, associada por uns a Iemanjá e por outros a Mãe Maria, e a Oxum); 3) em festa de santa do catolicismo (Bárbara, Luzia, Rosa de Lima e outras). Nestes terreiros a Bancada é realizada, preferentemente, no aniversário da principal entidade feminina da casa (geralmente, a "senhora" do pai ou da mãe-de-santo), quando se rende também homenagem às "senhoras" das filhas-de-santo.

    3.1. Bancada na casa de Santana (São Luís/MA - zona rural)
    Na casa de Santana, a Bancada é realizada no aniversário de Rainha Madalena, no dia 31 de maio. Mas, no dia 12 de dezembro de 1993, realizou-se ali uma Bancada para a "senhora" de Dona Nenem - filha-de-santo de um terreiro já desaparecido (de Mãe Irinéia), que está "encostada" ali desde 1969(3). Dona Nenem trabalha na Coliseu, empresa encarregada da limpeza urbana de São Luís, e zela pelo Terreiro da Turquia com Pai Euclides (da Casa Fanti-Ashanti) - que assumiu a chefia la casa após o falecimento de sua fundadora. Embora Pai Euclides e Dona Nenem não sejam filhos da Turquia são ligados a ele por receberem encantados da família do Rei da Turquia - seu chefe espiritual.
    Santana é uma das muitas mães e pais-de-santo de São Luís que não se definem como Umbanda e que continuam resistindo ao fascínio do Candomblé, embora não tenham vinculação com as centenárias casas das Minas e de Nagô, e tenham iniciado sua carreira como "curador" (na linha de Cura/ Pajelança). Apesar de ter, há muito, se tornado "mineira", continua realizando festas e rituais de Cura/Pajelança. Como outros pais-de-santo de São Luís que começaram a trabalhar como curador, realiza também, em sua residência, sessões de "mesa-branca" (presidida por pessoa a ela ligada) e, no sítio, onde fica sediado seu terreiro, a tradicional festa do Espírito Santo. Além de muito conhecida em São Luís como mãe-de-santo e "curadeira", é muito procurada como bordadeira. Santana passa muitas horas do dia e da noite na máquina de costura bordando, em "Richelieu", as toalhas usadas na guma (barracão) por pessoas de sua casa e de muitos outros terreiros da capital e do interior do Maranhão(4).
    Segundo informação de Santana (mãe-de-santo), a "senhora" de Dona Nenem, que nunca "arreara" na Mina, veio nela na Casa Fanti-Ashanti, quando assistia a um candomblé. Como ela não gosta muito de Candomblé, resolveu dar sua obrigação na Mina, no terreiro onde é "encostada". Escolheu para madrinha Dona Celeste, da Casa das Minas-Jeje, de quem é muito amiga e que se responsabilizou pelo bolo confeitado e pelas lembranças distribuídas aos convidados (uma cestinha de flores). Para diferençar aquela Bancada da que é realizada ali no mês de maio, na festa de Rainha Madalena, com todas as dançantes usando saia de mesma cor, as participantes usaram saias diferentes.
    Encontravam-se no terreiro, além do pessoal da casa, seus familiares e amigos, muitos vizinhos (moradores do bairro - alguns como convidados e outros atraídos pelo movimento da casa). Havia também na assistência pessoas de vários terreiros: da Casa das Minas, do terreiro de Mãe Elzita (membro do INTECAB, como Dona Nenem, muito amiga de Dona Celeste - sua presidente), terreiro de Adelmo (pai-de-santo muito ligado a Santana, que também sentou naquela Bancada para "arreada" de sua "senhora"). Naquela mesma data (véspera da festa de Santa Luzia) realizou-se, na Casa Fanti-Ashanti, o Baião - baile de sanfona, com pandeiro e instrumentos de corda, participado por entidades femininas da linha Cura"/ Pajelança - princesas e caboclas, descrito por nós em outro trabalho (FERRETTI, M.R. 1991 e 1993:359).
    A "senhora" de Dona Nenem é Rainha Dina, também conhecida na Mina por Fina Jóia, esposa de Dom João. Foi ela quem determinou tudo na Bancada, com grande antecedência. Santana, como era de se esperar, sentou com Rainha Madalena. Didi (dançante do terreiro da Turquia, também encostada naquela casa), com Menina do Maracujá, Sulica com Flor de Lys, Concita (guia da casa) com Princesa Flora, Adelmo (pai-de-santo visitante) com Moça Laura, Alice com Borboletinha, uma dançante da casa, com Linda, e duas outras com encantadas cujo nome não chegou ao nosso conhecimento.
    Não sendo filha da casa, observamos apenas a parte pública do ritual, realizada no barracão. À tarde, quando chegamos, os tambores (abatás e mata) estavam no salão, e o altar já estava enfeitado, podendo ser visto entre as santos as imagens de: Santa Luzia, São João e São Sebastião. Encontramos a casa cheia de crianças, cada uma com uma sacola de plástico na mão, prontas para receber os alimentos que lhes seriam ofertados na Bancada. A mesa começou a ser armada depois da nossa chegada. Primeiro o chão foi forrado com esteiras cobertas por toalhas brancas e bordadas. Depois, foram trazidos para o salão, em tabuleiros, bacias, travessas, tigelas e pratos: frutas, batata doce, amendoim, pipoca, bolos, cocada, mariola, balas, chocolates, biscoitos e outros alimentos. Em seguida, foram trazidas para o salão, pelas auxiliares, as garrafas de refrigerante, licor, refresco e de outras bebidas não alcoólicas. Depois de armada, a mesa foi enfeitada com vasos de flores e, em torno dela, foram colocadas cadeiras forradas de renda (para as encantadas) e banquinhos (para as mulheres que iam ajudá-las na distribuição dos alimentos)(5).
    As filhas-de-santo receberam as encantadas antes de virem para o barracão, longe dos olhos da assistência. Depois de incorporadas, vieram para uma sala que fica antes dele, onde permaneceram em pé ou sentadas, por algum tempo, quase em silêncio. Em seguida, foram para o salão, onde sentaram em cadeiras que lembravam os tronos que são armados nos terreiros de São Luís, para o Império, na festa do Espírito Santo. Mais da metade destas cadeiras estavam sendo ocupadas ou guardadas por bonecas (geralmente grandes e louras). Observamos que, quando as tobôssas sentaram no "trono", algumas (como Rainha Madalena) colocaram a boneca em pé, ao lado dele e outras ficaram com ela no colo, mas nenhuma brincou com ela. Esta relação, que é idêntica à da Princesa Doralice (Troirinha) e sua boneca, na Cura/ Pajelança da casa de Mãe Elzita, contrasta com a dos erês com sua boneca, no Candomblé da Casa Fanti-Ashanti.
    As tobôssas estavam ricamente vestidas e várias traziam uma manta de miçangas coloridas, no estilo das que eram usadas na Casa das Minas-Jeje pelas tobôssis (entidades femininas infantis - meninas), além do capote de seda ou de renda colocado sobre a blusa em um dos ombros (no estilo das usadas na Casa Fanti-Ashanti pelas princesas no Baião) e que poderia ser um substituto do "pano da Costa", usado no Maranhão na Casa das Minas-Jeje, na festa de pagamento. Para marcar a diferença entre aquela Bancada e a realizada, em maio, para Rainha Madalena, as saias das tobôssas eram de cores diferentes e duas delas tinham saia estampada (Fina Jóia, de Dona Nenem, e Flor de Lys, de Sulica). Adelmo usou calça e túnica de cetim branco e, sobre esta, manta de miçangas verdes.
    No salão, as tobôssas sentaram com suas serventes (moças ou senhoras), próximo aos alimentos que iam distribuir. Na mesa, em frente a cada uma delas, havia um bolo confeitado que, apesar de nunca ser dividido no salão, é sempre colocado na Bancada(6)
    A distribuição de alimentos começou pelas crianças, que iam passando, em fila, com suas sacolas, por cada tobôssa. Ao contrário do que ocorre nas festas de Cosme e Damião e do Espírito Santo, a distribuição realizada na Bancada nunca é eqüitativa (umas pessoas sempre recebem muito mais do que outras), o que é considerado normal, uma vez que decorre de preferências das encantadas e não das filhas-de-santo. Cada pessoa deveria entrar na fila só uma vez, mas algumas crianças e adultos entraram mais de uma vez, o que foi objeto de falatório, mas não foi impedido por ninguém. É possível que alguma delas estivesse substituindo pessoas que não se encontravam ali ou que não podiam ir para a fila.
    Como estávamos fotografando, vez por outra uma encantada ou um parente das filhas-de-santo que participavam do ritual, nos solicitava uma foto. Terminada a distribuição e retirados da "mesa" os bolos confeitados, as encantadas deixaram o salão e sentaram, com suas bonecas, na sala onde sentaram antes, aguardando o início do "toque". Enquanto isso, suas auxiliares dividiam o bolo confeitado e as lembranças da festa entre pessoas escolhidas pelas encantadas. Observando que três delas não tinham bonecas (a de Adelmo e a de duas dançantes) e indagando sobre o motivo desta diferença, fomos informados por uma pessoa da casa que "só as princesas dançavam com bonecas". Em outra ocasião, Adelmo nos esclareceu que, em sua casa, as tobôssas não levavam boneca para o barracão porque ele "achava feio gente grande com boneca".
    Logo que a mesa foi desfeita, uma equipe providenciou a limpeza do local, para que o "toque" pudesse ser iniciado, pois, apesar das "senhoras" gostarem de dançar, nunca ficam incorporadas até "altas horas" da noite.

    3.2. Tambor das tobôssas na casa de Santana (12/12/1993)
    No dia 12/12/1993, após a Bancada da "senhora" de Dona Nenem, descrita anteriormente, foi realizado um toque de tambor na casa de Santana. O ritual não começou com "Ibarabô", canto de abertura da Mina-nagô para Legba ou Exu, e sim com uma saudação ao terreiro, prática muito adotada em casas abertas por curador:
    "Salvar, salvar, terreiro novo de meu pai"
    Como de costume, dançou-se as primeiras músicas indo e vindo em direção aos tambores. Depois, o grupo fez uma roda, e, em seguida ficou alternando esses dois movimentos básicos de acordo com a "doutrina" que ia sendo "puxada". Após serem cantadas as "doutrinas" obrigatórias, cada encantada "puxou" pelo menos uma "doutrina" falando de si ou reverenciando os donos da casa ou entidade espiritual de sua família. A dança delas era lenta, desanimada e sem rodadas - muito diferente da apresentada pelas encantadas do Baião que estava sendo realizado, naquele momento, na Casa Fanti-Ashanti (geralmente, caboclas e mais ligadas à linha de Cura/Pajelança). As tobôssas quase não olhavam para a assistência. Apesar de muitas cantarem com "voz de criança mimada", nenhuma veio para o barracão com sua boneca.
    Durante o toque, Rainha Dina tinha as mãos sempre cobertas pelo capote ou enroladas na "pana" - lenço grande de cetim, usado principalmente em terreiros de curadores e no Tambor da Mata (linha de Codó - estilo do interior do Maranhão). Este procedimento foi também por nós observado em 1993, no terreiro de Pai Jorge Itaci, em "toques" para tobôssas. Depois de dançarem por algum tempo, as tobôssas "deram passagem" aos caboclos, que ficaram incorporados nas filhas-de-santo que as receberam até o encerramento do ritual ou até se esvaziar a última garrafa de bebida comprada para a festa (como acontece com Seu Beberrão, "caboclo farrista" de Santana, e com muitos encantados da Turquia).

    4. ENTIDADES ESPIRITUAIS FEMININAS NO TAMBOR DE MINA DO MARANHÃO: TOBÔSSIS E SENHORAS
    A importância das entidades espirituais femininas no Tambor de Mina é uma questão complexa. Sendo em número menor que as masculinas, recebidas com menor frequência e permanecendo "em terra" por menos tempo, parecem ter uma importância menor. No entanto, são recebidas com orgulho pelos "mineiros" e para elas são realizadas obrigações dispendiosas, festas e rituais especiais, que atraem para o terreiro pessoas de todas as idades e muitas crianças. E, na Mina-Jeje, existe um culto especial para entidades femininas infantis, as tobôssis (meninas), que, apesar de ter chamado a atenção de muitos pesquisadores, está longe de ser compreendido(7).
    Mas, se as entidades femininas têm uma presença tão grande na Mina por que são tão ausentes no barracão (espaço ritual onde são realizados os toques de Mina) e por que raramente são "donas da cabeça" ou dos terreiros?!... Observações realizadas em São Luís tem nos levado à conclusão que as entidades espirituais femininas raramente são donas de terreiro ou "da cabeça" dos filhos-de-santo, são minoritárias no barracão, e permanecem "em terra" por menos tempo do que as masculinas, não por serem menos importantes, mas, porque são femininas.
    Indagando certa vez a Pai Euclides, da Casa Fanti-Ashanti, por que o Baião (ritual da linha de Cura/Pajelança para entidades femininas) termina mais cedo do que os toques de Mina e porque as encantadas recebidas nele não vêm com maior frequência, obtivemos a seguinte explicação: "no Baião vêm moças de categoria alta, moça volta cedo para casa e não anda saindo todo dia"...
    Apesar da mulher ter na Mina uma posição muito elevada, a análise de rituais realizados para entidades espirituais femininas recebidas como "senhoras" mostra que a representação da mulher no Tambor de Mina parece não se distanciar muito do estereótipo machista de mulher, expresso claramente nas mensagens do Dia das Mães (segundo domingo de maio, mês de Maria e de muitas festas para tobôssas) que são veiculadas pelos meios de massa. Tal como as mães brasileiras, as entidades espirituais femininas recebidas como "senhoras" são representadas em São Luís como "santas" (recatadas), rainhas (reservadas), maternais e domésticas, no que parecem imitar a "Virgem Maria", mãe de Jesus.
    Na sociedade brasileira, embora a mulher seja quase sempre submissa ao homem (que assume a maioria das posições de comando), é, freqüentemente, apresentada como rainha (do lar), tendo a casa como o seu verdadeiro espaço de atuação - daí a denominação "rainha do lar". Apesar desta ideologia não encontrar grande fundamento na realidade dos terreiros de Mina - chefiados principalmente por mulheres - parece influenciar a concepção de entidades espirituais femininas, fazendo com que elas se apresentem ali como subordinadas às masculinas e permaneçam "em terra" por menos tempo que aquelas.
    Na Mina a figura das entidades femininas parece também associada à fertilidade, como a das Iamí Oxorongá africanas, daí porque, fora das centenárias casas das Minas-Jeje e de Nagô, o ritual da Bancada (onde há abundância de alimentos e grande número de crianças) é sempre realizado como uma obrigação de tobôssa (senhora). A distribuição não eqüitativa de alimentos na Bancada, em contraste com a realizada nos terreiros nas festas de Cosme e Damião e do Divino Espírito Santo (do catolicismo popular), aponta para as matrizes não cristãs da representação feminina no Tambor de Mina. Mas, se tem poder sobre a fertilidade, tal como as Iamí Oxorongá (AUGRÁS, 1989), não são temidas ou representadas como terríveis, embora, quando distribuem alimentos, possam dar muito a uns e quase nada a outros.
    A análise da Bancada e do Tambor de Tobôssa realizados fora das Casas das Minas-Jeje e de Nagô, chama atenção ainda para outros aspectos da representação da mulher no Tambor de Mina. Naqueles rituais as "senhoras" aparecem, freqüentemente, com bonecas e, não raramente, exibem um comportamento infantil. Sem querer negar a existência desse traço nos estereótipos de mulher da sociedade brasileira, gostaríamos de chamar atenção para a associação havida na Mina entre as tobôssis da Casa das Minas-Jeje (meninas) e as entidades recebidas como "senhora" em outros terreiros. Não é por acaso que estas são, genericamente, denominadas tobôssas e que usam, freqüentemente, a tradicional manta de miçangas das tobôssis da Casa das Minas(8) ...
    O estereótipo de mulher como frágil, dominada e imatura (chorona e manhosa como uma criança mimada), encontrado em muitos domínios da cultura brasileira, deve ter contribuído para que a fusão senhora-menina fosse realizada na Mina quase sem crítica. Fora da reação de Pai Adelmo: "lá em casa tobôssa não sai com boneca porque acho feio gente grande com boneca", não encontramos ninguém questionando os traços infantis apresentados pelas tobôssas (senhoras) nos rituais observados. Mas o comportamento infantil das entidades femininas recebidas na Mina como "senhora" torna-se mais compreensível quando se considera a influência exercida pela Mina-Jeje no Tambor de Mina do Maranhão e a impressão deixada pelas tobôssis da Casa das Minas-Jeje no meio religioso afro-maranhense(9).
    A boneca, que aparece na Bancada e às vezes também no Tambor de tobôssa, embora possa ser considerada um brinquedo de menina, parece ser ali um símbolo de feminilidade (daí porque as tobôssas não brincam com ela). Nos pejis cubanos ela é também encontrada com saias longas e rodadas cobrindo as jarras de orixás femininos (negras, nas de Iemanjá e louras ou mulatas, nas de Oxum). Nos terreiros de São Luís, a boneca aparece também como símbolo de nobreza, tanto na Mina, como na Cura/Pajelança, o que nos foi explicado por uma senhora no terreiro de Santana: "princesa dança com boneca"...
    Como já foi mencionado, na Bancada as tobôssas recebem um tratamento principesco e são apresentadas nos toques realizados para elas como nobres - com vestimentas caras e especiais, comportamento reservado, sem se misturar com a assistência - bem diferentes das caboclas, que gostam de cumprimentar a assistência, de dar rodadas no salão e de permanecer "em terra" após os rituais (as vezes para beber e animar a festa com suas brincadeiras). Na Mina-Jeje as tobôssis são comandadas por Nochê Naê (a grande mãe) - vodum da família real que não incorpora - e são tratadas ali como princesas(10) .
    Embora haja pontos em comum entre as tobôssas (senhoras) e as tobôssis (meninas), é preciso não esquecer que na Casa das Minas-Jeje as tobôssis não se confundem com voduns femininos, nem mesmo quando esses são toqüenos (adolescentes) ou desempenham funções análogas às deles. Nunca são recebidas como "senhoras" (donas da cabeça) como são, por exemplo, Abê e Nochê Decé (voduns femininos adulto e toqüeno), daí porque não participam dos toques. São meninas, "sinhazinhas", recebidas apenas nas festas e obrigações maiores, tanto pelas vodunsis-gonjai que tinham vodum masculino ("senhor") como pelas que tinham vodum feminino ("senhora"). E são consideradas mais puras e mais próximas às pessoas do que os voduns (comem, dormem, tomam banho, têm medo de mascarado). Já as tobôssas recebidas em outros terreiros vêm sempre como "senhoras" (donas da cabeça ou ajuntó). Na Mina-Jeje os voduns femininos são recebidos em todos os rituais e permanecem "em terra" por tanto tempo quanto os voduns masculinos, mesmo quando pertencem à família real e são toqüenos (adolescentes).
    As tobôssis Mina-Jeje parece que também não se confundem com as meninas recebidas hoje na Casa de Nagô. Além de se afirmar na Casa das Minas-Jeje que tobôssis (meninas) só existem na Mina-Jeje, antes da Bancada de 1994, ouvimos de Dona Lúcia (atual chefe da casa) a seguinte explicação: "nós aqui não temos tobôssi, tobôssi é lá em cima, em jeje, nós temos é menina"... E ainda, observações do comportamento das entidades femininas, em rituais atualmente realizados na Casa de Nagô, têm demonstrado que elas se aproximam mais das "tobôssas" de outros terreiros do que das "tobôssis" da Casa das Minas. Na Casa de Nagô as entidades femininas (adultas e meninas) participam de rituais com as entidades masculinas (Bancada, toque) e são, geralmente, recebidas como "senhora" (donas da cabeça ou ajuntó)(11) .
    Existe ainda uma característica apresentada pelas "senhoras" no Tambor de Tobôssa que não foi aqui analisada: as tobôssas dançam, geralmente, com as mãos encobertas. Como na Bancada as "senhoras" são tratadas como a nobreza na Festa do Divino Espírito Santo (sentam em cadeiras cobertas por rendas, têm roupas luxuosas, etc) e nesta festa a nobreza usa luvas, cobrir as mãos pode ser mais um símbolo de nobreza. Mas, as tobôssas com suas mãos encobertas, lembram também imagens da Virgem Maria com seu manto nas mãos. A identificação das "senhoras" da Mina com a Nossa Senhora do catolicismo, religião também professada pelo pessoal dos terreiros de São Luís, que já foi lembrada, pode também explicar o comportamento recatado e reservado daquelas encantadas, em contraste com o das caboclas (menos identificadas com a Mãe de Jesus e com as santas católicas do que as "senhoras").

    5. CONCLUSÃO
    A representação da mulher no Tambor de Mina é influenciada pela ideologia dominante (machismo, catolicismo) mas não pode ser reduzida a ela. Muitos traços das entidades espirituais do Tambor de Mina só podem ser bem interpretados levando-se em conta sua origem africana e peculiaridades do campo religioso afro-maranhense (influências das Casas das Minas e de Nagô, etc.). Assim, reproduz, em parte, a ideologia dominante na sociedade brasileira, mas apresenta aspectos que só podem ser bem interpretados conhecendo-se o contexto específico em que foi produzida.
    GRAMSCI (1978), em Literatura e Vida Nacional, chama atenção para a heterogeneidade do momento histórico e para a existência na mesma época e na mesma sociedade de obras que refletem as concepções dominantes e outras a realidade vivida por grupos não hegemônicos. No caso brasileiro, o negro, além de constituir um desses segmentos não hegemônicos, tem tradições culturais próprias e estas tradições são encontradas de forma bastante viva nos terreiros de religião afro-brasileira. Por conseguinte, não se pode estranhar que representações da mulher no Tambor de Mina de São Luís reproduzam a ideologia dominante mas reflitam também outras formas de relações sociais, outros valores e visões de mundo.
    Ao mesmo tempo que o culto às tobôssis e tobôssas tem a ver com o matriarcado da Mina, revela o machismo dominante na sociedade brasileira e tão forte no Maranhão. Assim, na Mina, as entidades espirituais femininas são objeto de um culto especial, dispendioso, mas aquelas entidades são recebidas por um número menor de médiuns, vêm poucas vezes por ano e, fora da Mina-Jeje, permanecem "em terra" por pouco tempo. Isto significa que, em última análise, elas deixam o campo livre para a atuação das entidades masculinas. Embora não se possa dizer que na Casa das Minas-Jeje as tobôssis estão acima dos voduns toqüenos (adolescentes) e que as tobôssas são superiores às entidades espirituais masculinas, recebidas como senhores em outros terreiros, há mais exigências para que elas sejam recebidas. Elas, geralmente, só vêm em quem tem grau iniciático elevado e nas festas e obrigações maiores ou mais "finas". Contudo, estão, geralmente, abaixo das entidades masculinas - que são maioritárias como chefes espirituais de terreiro e como "donos da cabeça" dos mineiros.
    A importância da mulher no Tambor de Mina como mãe de terreiro e filha-de-santo associada à grande impressão causada pelas tobôssis da Casa das Minas-Jeje podem ser apontadas entre os fatores responsáveis pelo orgulho dos "mineiros" pelas suas "senhoras", pela existência nos terreiros de São Luís de rituais especiais para elas e pelo esmero com que esses rituais são realizados. Mas a representação da mulher no Tambor de Mina, embora apresente muitos traços em comum, varia de casa para casa. É de se esperar que apresente diferenças significativas quando se compara casas dirigidas por mulher com casas dirigidas por homens, terreiros de Mina apegados aos modelos das Casas das Minas e de Nagô com terreiros de Mina de caboclo, terreiros que se definem como Umbanda e terreiros de Mina que introduziram o Candomblé.
    Nas representações aqui analisadas, as entidades espirituais femininas, recebidas como "senhoras" na Mina maranhense, aproximam-se da Iemanjá e distanciam-se da Pomba Gira da Umbanda (AUGRÁS, 1989) e correspondem à mulher onírica (que se opõe à "piranha"), encontrada por BERLINK (1976) em análise de letras de samba: frágil, graciosa, desligada, "diferente da mulher que se tem". Com efeito, enquanto na Mina-Jeje as tobôssis são consideradas mais puras do que os voduns, as mulheres são vistas como mais sujeitas a impurezas do que os homens, pois, além do contato com a morte e da atividade sexual (que torna o "corpo sujo"), são contaminadas pelo sangue menstrual e pelo parto.
    Na representação de entidades espirituais caboclas ou não recebidas como "senhora" ("dona da cabeça" ou ajuntó) estes modelos se apresentam em graus diferentes e combinados, permitindo a distinção de um número maior de modelos femininos.

    BIBLIOGRAFIA
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    Publicado em:
    Revista de Ciências Sociais da UFMA, v.4, n.1/2, jan./dez.1994, p.116-136.
    Mandrágora: gênero, cultura e religião, Ano 3, nº3 - 1996, p.33-41
    posted by iSygrun Woelundr @ 12:03 PM   30 comments
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